UFRB – Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia
CAHL – Centro de Artes,
Humanidades e Letras
Disciplina: Laboratório de
História Antiga e Medieval
Discentes: Wilson Oliveira
Badaró
DUBY, Georges. As três ordens ou o imaginário do feudalismo. 1ª ed. Editorial Estampa, Lisboa, 1982.
Fichamento: texto Ordem(ns)
Pagina
|
Fichamento
textual por páginas e tópicos.
|
305
|
- Ordens – conceito inicialmente atribuído à
organização galática e sua harmonia intrínseca e a posteriori, “à congregação dos homens”. (Século XII,
Escola de Abelardo, ordo rerum.)
- Fundamentação da máxima supramencionada esta
intercalada aos ensinamentos estóicos e platônicos da “voz passiva”, em
plano metafísico, sugerindo a aceitação desta ordem a priori sugerida pelo divino.
- A contribuição dos escritos de São Paulo
descentraliza a forma organicista do cristianismo, trazendo um objeto
que por mais que seja tido como simples é enaltecido e valorizado.
- Diferenças amenizadas pela visão escatológica e
reforçadas pela equidade de todos em um só deus.
- Pregação da imobilidade social e contentamento de
todos pela certeza escatológica da futura mudança em um outro plano – a
vida após a morte.
|
306
|
- Diante da idéia de incerteza do “fim dos tempos”
inicia-se um processo de fraternidade orientada, gerando a separação
entre clero (Administradores da herança do senhor) e plebe.
- O monasticismo, maquia a divisão entre clérigos e
leigos com o esquema tripartite dos “graus de perfeição” formado por:
Clérigos, castos e leigos.
- A ordem eclesiástica é provida de privilégios
como a isenção militar, isenção de taxas públicas.
- Gelásio I inicia uma nova hierarquia que rende a
uma nova estrutura; uterque potestas à
Soberanos e uterque ordo à Clérigos; “Os
padres de Cristo devem ser considerados como pais e mestres dos reis,
dos príncipes e de todos os fiéis. (Gregório VII)
|
307
|
- A união de clérigos e soberanos trata de agregar
os fiéis no interior da superestrutura chamada de a casa de deus – o
império – com o restabelecimento da máxima do corpo de cristo que
defende a “harmonia na diferença”.
- Melhoramentos da estrutura orgânica da igreja no
século IX com a contribuições neoplatônicas fundadas na análise do
universo e sua ordem celestial envolvendo os seres celestiais e
concluindo com os humanos. Tal análise implica num processo de busca
incessante pela perfeição que segue o fator criação – de cima para baixo
– a partir dos seres celeste aos
homens e o fator ascensão – de baixo para cima - dos homens aos seres
celestes, tudo envolve o retorno ao Um. (movimento de procissão)
|
308-309
|
- Como funcionou a tripartição funcional (função
mágico-religiosa, guerreira e fecundidade e produção ) de Dumézil?
Partindo do princípio da elaboração política carolíngia mesclada e
inspirado no império romano, em processo de franca cristianização, ele
inverte sapientemente os valores semânticos das três partes da sociedade
romana, dando o “tributo” – que deveria ser pago pelos tribunos – aos
tribunos e inclui a igreja com a ordem a seguir: Sacerdotes, homens
armados, e os produtores, todos em busca da redenção.
- Em 860 as três ordens já estavam internalizadas
na política religiosa, contudo, só veio a ser de fato amplamente
conhecida no século XII.
- Existiram ainda muitas variações da versão
inicial como as quatro versões das três ordens, sendo elas: Monástica,
episcopal, monárquica e gregoriana.
- Em ordem funciona assim: Monástica: põe os bispos
em terceiro lugar, e os monges assumem a função da oração em lugar dos
clérigos. Episcopal: resposta a primeira mantém os bispos regidos pelos
clérigos e os prelados inflem mais sobre os soberanos. Monárquico: o rei
acumula as três funções. Gregoriano: O soberano abdica de seu poder
laico ao passo que as ordens clericais se reduzissem a apenas uma regida
pelo papa e o rei representaria apenas o poder laico.
- Guilherme de Ockham – nega o realismo e adota o
nominalismo que questiona a construção das “substâncias primeiras” e
“substâncias segundas” como conceitos de oficialização da ordem
afirmando que o ser era tudo de mais real.
- Percebe-se aqui (Séculos XI ao XII) que as
alterações se reduziram às meras inversões das posições dos principais
protagonistas da sociedade enquanto a plebe se mantinha inerte.
- Uma outra definição de ordem é proposta por
Lombardo como “um sinal, quer dizer, algo de sagrado [sacrum quiddam], através do qual
a função e o poder espiritual são transmitidos aquele que é ordenado.
(...) chama-se ordem ou grau a característica espiritual na qual se
realiza a promoção do poder.” Por assim apresentar, conclui-se que há apenas
uma ordem – a dos clérigos que detém todo o poder.
|
310-311
|
- Introduz-se na problemática a relatividade da
termo ordo com a intenção de
“ato litúrgico” que embora tardio gera a difusão das “ordens romanas”
onde os postos da Eclésia se destacam de acordo com o purismo monástico
e celibato para os graus mais elevados como o dos bispo, padres e
diáconos.
- No século X acresce-se e se fundem textos
religiosos acerca da ordem que levam a um único livro denominado “o
pontifical” que se encarrega de relatar os atos litúrgicos dos bispos,
regular as funções presbiteriais e controlar o clero.
- Criação da moral estatutária que prima a
santificação através da realização dos deveres sociais e divisão do
trabalho comuns e necessários ao equilíbrio da sociedade vigente.
- Gregório VII sugere por meio de uma missiva, uma
outra brilhante definição de ordem que realça o respeito mútuo entre
inferiores e superiores e que na diversidade e união seja encontrada a harmonia
necessária para o estabelecimento da ordem.
- Uma ótima observação do comportamento das
milícias celestes aplicadas a sociedade dos homens que seguindo sua
hierarquização expõe a impossibilidade da vida e governo em igualdade
pois a hierarquia dos próprios seres celestiais não o são. Tal
afirmativa é usada como ardil cabal para a subordinação e estratificação
social justificável. Cada um ocupa o lugar que merece e deve dentro da
ordem.
- Simonia e nicolaísmo: visam estas tendências,
regular as ações e comportamentos clericais como a luxúria, avareza e
todas as representações humanas do desejo nato e inconsciente,
condenando ainda a prática de casamento e concubinato por parte dos
clérigos e regulando a prática sexual leiga intramatrimonial e
proibições de relações entre parentes até sete graus.
- Regulamentações acima citadas visão impedir
distúrbios entre o material e o espiritual sendo que deste ponto de
vista os clérigos estarão sempre um passo a frente dos leigos que, por
sua vez estarão em posição de subordinados, pois, apenas o clero conta
com o sagrado ou seja sua manutenção e mistérios mesmo que
indiretamente.
|
312
|
- Dependência dos leigos para a salvação
transformadora ministrada única e exclusivamente pelos clérigos.
- Divisão entre mistério e sacramento (séculos XII
e XIII).
- Bipartição gregoriana “marginalizante” – o autor
relata que é justo neste período que surgem os segmentos excluídos do
sistema eclesial como os judeus, leprosos etc.
- Exposição do papa como a igreja per se e a igreja como
insubordinada pois, não precisava se reportar a ninguém e o “vigário de
Pedro”, assim proclamado entre os séculos XII e XIII ,era inalcançável
em seu posto primaz na hierarquia da sociedade então constituída
representando o poder máximo.
|
313
|
- Retrata as definições entre o direito canônico e
as referências da escritura a partir do Século XII; mais especificamente
entre as normas mutáveis (humanas) e imutáveis (divinas) – diferenciação
do direito causal acordando com a proximidade com o divino.
- O papa é subordinado as leis divinas mas,
superior as leis humanas.
- Centralização da administração e hierarquia
eclesial.
- A função das três ordens traspassa a simples
hierarquização funcional, mas, sobretudo, valoriza-a e reconhece todas
as atividades – tendo tal inovação apoiado no monasticismo que condenava
o ócio – fazendo o trabalho se tornar um valor e não tão somente uma
função.
- O progresso da Europa ocidental supõe mobilidade moral
e espiritual.
- A ordem dos guerreiros como a única que apresenta
um movimento gradual de enclausuramento quase estamental em si.
- Esta mobilidade (moral) serve de marco delineador
das funções e ordens estabelecidas e suas principais características.
Ex: Nobres X servos.
- A diversidade da terceira ordem (resto). Ponto de
surgimento frutífero de grupos e subgrupos diversos. ( Confrarias,
guildas, corporações etc.) que desnorteiam as originais ordens
vislumbradas pelo clericato.
|
314
|
- Apresenta as indagações de Jonas de Orleans
acerca da diferença e suas implicações cristãs.
- “A realidade das condições sociais e o ideal de
comunhão na graça.” Problema escatológico gera a necessidade de uma
analise mais profunda dos problemas sociais de fato vigentes tais quais
conversão e redistribuição.
- A liberdade é exposta pelo autor como objeto
pouco percebido pelos historiadores e seus efeitos, tais quais, “o
destino dos escravos e servos no direito divino”.
- Conversão: acompanhar as tendências funcionais de
oração de uma família, e obter o acesso à ordem tornando-se assim, parte
do Deus uno e sem separações, estando a possível mobilidade social como
uma realização dentro e fora do mundo espiritual.
|
315
|
- O autor aponta para as premissas da liberdade da
ordem da oração e os efeitos sociológicos desta liberdade, que são pouco
conhecidos pelos historiadores coetânios deste fenômeno. Tais fenômenos
contam com a possibilidade da mobilidade social escrava ou servil através
da manumissão do escravo fadado a eterna imobilidade social (em tese).
Pois tais categorias da sociedade – escravo e servo – precisavam ser
libertos primeiro para depois desempenhar a função religiosa.
- O sustentáculo desta visão supramencionada é
pautado na idéia fixa da equidade no mundo metafísico que gera a ordem –
uma das principais características da reforma gregoriana.
- Máxima dependência – todas as comunidades
clericais sob orientação do papa.
- Relevância da cumplicidade entre fiel e Deus para
a saída do “mundo” e recebimento da “herança”.
- A importância das estruturas de parentesco que
culmina com uma solidariedade e fraternidade baseada numa força
sobrenatural (Além) que remete todos os integrantes da ordem a um
sentimento comum de pertencimento e de igualdade.
- A morte como precursora da mobilidade de pessoas
e bens no âmago da sociedade medieval.
|
316
|
- Compra da eternidade.
- Comutações: Desobrigação de reiterar algum
equívoco (pecado) cometido.
- Surgimento de um grupo de especialistas: Padres,
Monges-padres que regem as missas privadas e especiais.
- Penitências e sufrágios aos mortos – fontes de
redistribuição – os fieis em busca da salvação (livro da vida) deixam
seus bens serem administrados pelos clérigos, que por sua vez, vão
favorecer os pobres através do processo de redistribuição (caridade).
- A oblação de servos e escravos ao clero; livre
acesso à liberdade.
- Programa gregoriano renova e originaliza a
inclusão: Várias são as ordens em aparição no tocante a contemplação do
mundo, contudo, destacam-se três ordens: Monasticismo tradicional,
eremitismo e as ordens de pregadores.
|
317
|
- Os membros do monasticismo são seres tidos como
perfeitos e puros, responsáveis por suportar os homens do mundo.
- Os eremíticos renunciam a existência do mundo,
porém, por vezes são requisitados em cargos dentro do clero e são
escolhidos de acordo com o seu grau de pureza.
- As Ordens Mendicantes são as ordens “ambulantes”
estão dentro do mundo em plena atividade nele para converter as
turbulências urbanas em ordem através das conversões de seus membros
(primeira e segunda ordem e leigos – ordem terceira).
- O ser alheio ao mundo e o mundo per se, como uma bifurcação
esperada e natural sendo que gradualmente “o valor supremo” (a moral e a
ética) do divino pressupõe uma dominação do ser mundano aético levando-o
consequentemente a sua própria divinização.
|
318
|
- Aqui o autor propõe três formas fenomênicas da
inclusão do ser nos mistérios da fé:
- 1 – Modelo teórico-prático: Teórico por causa das
três ordens funcionais elaboradas; e prático porque foi através do
acumulo de experiências ao longo dos séculos que o modelo pretendido
conseguiu se estabilizar e demonstrar eficácia. Constante aprimoramento
do uso do conhecimento pragmático tais como a confissão privada (divino
sobre o mundano).
- 2 – Modelo da Mobilidade social feudal em virtude
da hipótese escatológica que visa apenas converter (pessoas), comutar e
redistribuir (bens e posses materiais). O acesso à ordem incute a
possibilidade de ascensão social e divinização simbólica do papa que
torna deus mais próximo do mundo.
- 3 – Modelo da Ordem turbulenta, mas socialmente
fecunda: Sair da vida mundana é antecipar a salvação, desenvolver o
parentesco espiritual. Através da mais refinada estratificação social
perpetrada pela igreja e sua ordenação (Monges, padres, bispos, nobres,
plebeus etc.) torna-se notório o estilo de vida social que leva a uma
mentalidade mais inovadora e passível de transformar-se mais
dinamicamente.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário contribuição, sugestão crítica e dúvidas. Agradecemos antecipadamente pela participação e auxílio na construção do saber que é de todos!