sábado, 25 de maio de 2013

História e Poesia: uma apresentação do uso da linguagem/fonte literária como acesso ao passado.

Os poemas enquanto fontes/linguagens históricas.

BADARÓ, Wilson Oliveira; DA SILVA, Monalisa Barbosa; JESUS JUNIOR, Everaldo José de

Os poemas a serem trabalhados.

O patrão nosso de cada dia.

Eu quero o amor
Da flor de cactus
Ela não quis
Eu dei-lhe a flor
De minha vida
Vivo agitado
Eu já não sei se sei
De tudo ou quase tudo
Eu só sei de mim
De nós
De todo o mundo
Eu vivo preso
A sua senha
Sou enganado
Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida
Eu já não sei se sei
De nada ou quase nada
Eu só sei de mim
Só sei de mim
Só sei de mim
           
Patrão nosso
De cada dia
Dia após dia

A Rosa  de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Análise e Hermenêutica dos poemas: aproximações e digressões


Título:
“O patrão nosso de cada dia.”: Lembrar que não havia CLT.
Referência ao pai nosso e ao pão nosso.  Contextualização da obrigação da oração em relação com a necessidade de trabalhar todos os dias haja vista que neste contexto social, a Igreja, enquanto instituição, apoiava o regime militar. Cumprimento religioso do empregado ao seu patrão. Aproximação com a oração. Correlação com o uso do sacerdócio egípcio no tocante ao uso da religião como referencial de convencimento dos trabalhadores compulsórios para o exercício das tarefas designadas.
1º Bloco
“Eu quero o amor, Da flor de cactus, Ela não quis”
Querer o amor (compreensão, apreço, reconhecimento do seu trabalho) da empresa (espinhosa) mas, ela – a empresa – não o quer por estar centrada em lucros, e não humanizada, apenas se importa com a corporatividade. Advento, também percebido amplamente na colonização das Américas em relação aos indígenas e os trabalhos nas mitmacs assim bem como os trabalhos escravos africanos, ambos desumanizados pelos processos de trabalho com vistas a obtenção dos lucros, com poucas exceções a se fazer.
2º Bloco
“Eu dei-lhe a flor, De minha vida, Vivo agitado”
Sobre a entrega da juventude ao esmero do trabalho e os processos e apropriação do tempo de vida social e humana. Vive no rush. Causalidade laboral indígena e seu modo de produção prol necessidades mais imediatas e objetivas (escambo) e não, em sua maioria, voltados para a produção em escala comercial voltada para a produção de excedentes.
3º Bloco
“Eu já não sei se sei, De tudo ou quase tudo, Eu só sei de mim, De nós, De todo o mundo”
Marxismo, luta de classes. Ele, provavelmente, desconhece as causas burguesas e as formas de conhecimento elementar do liberalismo. Apenas voltado para si e para seus companheiros de classe ( trabalhadores).
4º Bloco
“Eu vivo preso, A sua senha, Sou enganado”
Preso ao trabalho (bate cartão) e preso sem mobilidade ou ascensão social e econômica, daí a enganação das promessas do capitalismo. O que nos faz lembrar as questões apontadas por Walter Fraga em seu livro "encruzilhadas da liberdade" e as dificuldades de inserção negra no mercado de trabalho em virtude da falta de um sistema educacional eficiente e possibilitador de ingresso no sistema laboral vigente após a abolição. Relembrar a questão das mitmacs na América espanhola.
5º Bloco
“Eu solto o ar, No fim do dia, Perdi a vida”
Respira do sufoco, vigilância constante, pressão do ambiente de trabalho. Respira aliviado após os expediente. Sensação de exaustão que traga todo seu tempo hábil de socialização. Analogia à expressão popular “to morto”.  Lembrar das vidas perdidas nas construções do Egito, do trabalho excessivo da escravidão. E dos efeitos da partilha da África pelos europeus nas relações de trabalho.
6º Bloco
“Eu já não sei se sei, De nada ou quase nada, Eu só sei de mim, Só sei de mim, Só sei de mim”
Uma demonstração de desilusão ao movimento da classe operária. Como vemos o texto  com uma inclinação ao marxista, mostra a decepção a não tomada de poder da classe oprimida. E da possível entrega ao sistema que ele combateu, o capitalismo, mostrando um auto grau de individualização. lembrando a revolta dos malês e la noite triste. Também no Zapatismo, até hoje, há uma luta contra essa dominação imperialista nas partes rurais mexicanas.
7º Bloco
“Patrão nosso, De cada dia, Dia após dia”
A confirmação da entrega ao sistema capitalista, ou a, conscientização da existência latente e consistente desse sistema. Fenômeno que temos estudado também nos movimentos negros e indígenas mas, que de toda e qualquer sorte, não finda as resistências sistemáticas e contínuas nestes casos específicos.
A releitura do Pai nosso contraposto ao poema
Bloco 1
“Pai nosso que estás no céu, Santificado seja vosso nome,”
O patrão em sua esfera superior no topo da ascensão econômica. Inviolável, a voz do patrão como a voz de deus, não pode ser contrariada. Hierarquia social, econômica etc. e respeito máximo a eles.
Bloco 2
“Venha nós ao vosso reino, Seja feita a sua vontade, Assim na terra como no céu”
Sempre o funcionário se dirigindo até as fábricas, empresas etc.; obediência incondicional; assim no mundo proletário como no mundo burguês.
Bloco 3
“O pão nosso de cada dia nós daí hoje, Perdoai as nossas ofensas, Assim como nós perdoamos, A quem nos tenha ofendido”
Em virtude da alta capitalização das relações de trabalho, denota-se a grande necessidade de dinheiro, obtido pela subserviência do empregado ao patrão.
Ofensas enquanto chegar atrasado, fazer tarefas com imperfeição etc. Assim como os funcionários, felizes ou não, são forçados a perdoar eventuais atrasos de salários, falta de assistência médica, más condições no ambiente de trabalho, o não pagamento de horas extras, autoritarismo patronal.
Bloco 4
“Não deixeis cair em tentação, Mas livrai-nos do mal amém.”
Não permitir a tentação de expropriar recursos, mercadorias, nem pedir demissão etc.; livra-nos do desemprego amém.

2º Poema
Título:
A Rosa[1] de Hiroshima[2]
1º Bloco
Pensem nas crianças, Mudas telepáticas, Pensem nas meninas, Cegas inexatas”
Sobre doenças transmitidas imediatamente pela radioatividade e a posteriori hereditariamente. Alcances radioativos em Nagasaki. Avaliando os efeitos de longa duração dos imperialismos  europeu e americano na África e América e Japão. Cicatrizes.
2º Bloco
“Pensem nas mulheres, Rotas alteradas”
Migração das mulheres em busca de refúgio das áreas afetadas para evitar a contaminação hereditária. Os maridos em guerra no front e mortos nela – a guerra.
3º Bloco
“Pensem nas feridas, Como rosas cálidas”
Ferimento do orgulho;  aparência de queimaduras físicas imediatas e nos neonatos; cicatrização futura (reconstrução das cidades); as marcas traumáticas.
4º Bloco
“Mas oh não se esqueçam, Da rosa da rosa, Da rosa de Hiroshima”
Não esquecer do objeto causador de todos estes efeitos supramencionados. Inserir a fumaça simbólica enquanto uma rosa.
5º Bloco
“A rosa hereditária, A rosa radioativa, Estúpida e inválida, A rosa com cirrose”
Das mazelas causadas na saúde humana imediatamente verificadas pelos efeitos da bomba. Do discurso da cientificidade e ilustração humanas como norteadores do desenvolvimento científico e tecnológico não impediram esta estupidez.
6º Bloco
“A antirrosa atômica, Sem cor sem perfume, Sem rosa sem nada.”
Oposição à rosa vegetal. Símbolo da vegetação saudável. Porque a radioatividade acaba com a vegetação. Das conseqüências cabais dos efeitos da bomba. Da devastação humana e, em seguida, da devastação vegetal. Fim da beleza: a vida como um todo.

Referencial Teórico do Trabalho.


Reflexões teóricas sobre o uso do poema enquanto fontes e linguagens históricas.

Fundado em observações iniciais de Selva Fonseca a principal razão de se lançar mão de outras linguagens, é justamente o de ampliar as possibilidades, no quesito das opções metodológicas e, sobretudo, das leituras históricas e percepção de historicidade em outras fontes e linguagens além do livro didático, no sentido de “dinamizar” a apreensão e assimilação dialógica do conteúdo.
Baseado nestas discussões introdutórias acerca da inclusão de novas fontes e linguagens para o uso e expansão das possibilidades de compreensão histórica, apresentaremos um conjunto de trabalhos que nos influenciaram em nossa produção de aula e teorização de nossas opções metodológicas no tocante ao manuseio de nossa fonte/linguagem – a poesia.
A princípio, veremos como a própria autora – Selva Fonseca – tratou do assunto. A autora fará uma discussão de quais os alcances da linguagem e entende que “todas as linguagens, todos os veículos e materiais, frutos de múltiplas experiências culturais, contribuem com a produção/difusão de saberes históricos, responsáveis pela formação do pensamento” (FONSECA, 2003, p. 164). A partir desta fala, a autora espera chamar a atenção do quão diversificado seja as fontes fundantes dos saberes e que, o livro didático e o paradidático, enquanto um dos principais instrumentos do professor e aluno, reflita e aluda esta multiplicidade. Assim sendo, estas diferentes linguagens e fontes servem como trampolim para uma profusão de saberes oriundos dos diferentes estratos e segmentos sociais através destas diferentes linguagens e fontes disponíveis. Dando início, a partir daí, a um processo amplo de dialogicidade entre professor e aluno, pois, os alunos deverão inserir diferentes fontes e linguagens a partir de seu locus e referênciais sociais para uma discussão histórica, sem ser, necessariamente, aquela proposta pelo professor.
Partindo destas considerações, entendemos que o poema, como fonte e linguagem que traduz uma porção de interpretação de determinado contexto histórico, “visa explicar o real por meio de um diálogo que se dá entre o historiador e os testemunhos, os documentos, que evidenciam o acontecido” (FONSECA, 2003, p. 165). Em nosso caso específico, os poemas “A rosa de Hiroshima” e “O patrão nosso de cada dia”, traduzem anseios, demandas, inquietações e problemas do contexto vivido ou racionalizado pelos seus autores que, em certa medida, tentam explicitar estes fatos com suas reflexões. Muito importante para efetuar um trabalho com literatura e poemas é a atenção apontada pela autora, citando Vieira, que se deve ter com os recursos de linguagens e suas representações, pois, estes podem trair-nos ou levar-nos a chegar a conclusões que podem perpassar a real intenção da obra em virtude das metáforas, ideias de duplo sentido etc. Também, a inserção da obra em seu contexto histórico deve ser um cuidado central do historiador no sentido de evitar o anacronismo desmedido e também “a especificidade dos problemas (nível micro) e ao mesmo tempo a universalidade de muitos problemas vividos por nós (nível macro)” (FONSECA, 2003, p. 167).
Como a poesia trata muito do cotidiano, dos fatos e relações sociais é muito natural que encontremos traços fortes de descrição histórica de diferentes contextos históricos em suas composições, traduzindo e evidenciando fatos que não foram, ou foram insuficientemente discutidos pelas linguagens e fontes tradicionais, em geral, as poesias apresentam uma leitura da realidade mais próxima da subjetividade humana e de uma visão intrínseca de mundo relacionada ao seu autor (FONSECA, 2003, p. 174). Seria na verdade a ideia proposta Fonseca de que “incorporar poemas e crônicas representa uma possibilidade de buscar outras formas de acesso a níveis de historicidade” (FONSECA, 2003, p. 175). Tal uso da poesia implica em compreendermos mutuamente não somente a poesia, mas, também, o poeta em seu contexto histórico, o que requer esforço e fôlego hermenêuticos mais significativos por parte do professor/historiador que se aproximar e envolver com este segmento. Em outras palavras, seria perceber as “representações vivas de vidas vividas” (FONSECA, 2003, p. 174).
Para termos uma maior impressão das fontes e linguagens e seus respectivos alcances e usos por diferentes perspectivas, veremos o que pensam outros autores e como se manejaram com os poemas em suas construções intelectuais.
Comecemos por um autor muito destacado e que trabalhou em parte de suas reflexões as diferentes concepções do tempo em diferentes sociedades no mundo, e em determinadas passagens, se utilizou amplamente de poemas denominados “contos de canterbury” dentre outros. Este historiador é o E. P. Thompson. Com sua metodologia de abordagem aos poemas, tivemos uma ampla noção de como trabalhar o nossos poemas e assim sendo, o utilizamos como referencial metodológico para a composição desta teorização.
Suas reflexões e leituras dos poemas tratados são reveladores explícitos, e por vezes implícitos de como o tempo é percebido e medido em diferentes pontos do globo terrestre.
Domênico Proença Filho aborda a participação do negro na literatura brasileira, dando ênfase à poesia como fonte histórica e a situação social do negro na sociedade. Proença Filho relata:
a matéria negra, ganha presença mais significativa a partir do século XIX, surge na literatura brasileira desde o século XVII, nos versos satíricos e demolidores de Gregório de Matos, como os do "Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os seus membros e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia", poema de que vale lembrar a seguinte passagem, a propósito, manifestamente reveladora[1] (PROENÇA FILHO, 2004).

O poeta Gregório de Matos destaca o abuso ao negro, pelos detentores do poder, como objeto. Que seria como hoje vemos a coisificação do ser. Assim sendo, o autor destaca Gonçalves Dias e seus poemas que evidenciam a situação de opressão ao negro. No poema
’A escrava’ (1846), e um texto em prosa, ‘A meditação’ (1849); nenhuma condenação aberta à escravidão, mas a denúncia-lamento da situação de opressão. Referências sutis são encontradas em ‘O horto’ (1900), da preta Auta de Sousa (1876-1901), formada em colégio de religiosas francesas” (PROENÇA FILHO, 2004).
Ainda seguindo a linha das discussões mais voltadas para as temáticas etnico-raciais, citamos Bruno Fernandes em seu artigo que, utilizando-se de poetas negros e da legitimação dos discursos dos diferentes atores históricos em seus diferentes estratos e visões, apresenta uma proposta instigante de trabalhar com poemas enquanto fontes e linguagens de acesso ao passado.
A poesia é um tipo de obra literária que oferece a oportunidade de se encontrar representações diversificadas sobre a realidade e sobre a sociedade. No que concerne às representações do sujeito negro subalternizado, a realidade sócio-cultural encontrada nas poesias apresenta-se carregada de confrontações aos estereótipos determinados pela sociedade de cada época (FERNANDES, 2011, p. 02).
Obviamente, o uso de poetas e poetizas negras fazem com que a leitura esteja mais próxima de uma realidade mais evidente dos negros, contrariando assim, a antiga máxima de que apenas temos relatos históricos sobre o passado da África e dos afrodescendentes, a partir de uma interpretação branca e ocidentalizada. Nesta passagem, o autor – Fernandes – deixa explicitar esta assertiva:
portanto, por meio da utilização de poesias dos autores negros empregados enquanto fontes literárias, a análise das articulações ideológicas destas com o posicionamento político do sujeito negro historicamente subalternizado, suscitando a possibilidade da utilização dessas fontes como ferramentas discursivas anti-hegemônicas e combativas da identidade negra estigmatizada pela História oficial (FERNANDES, 2011, pp. 02-03).
Também, na tese de doutoramento de Luís Fernando da Rosa Marozo entitulada “Manuel Bandeira: memória e história da poesia”, onde ele busca claramente apresentar uma tendência da produção literária e poética contextual nacional em diferentes momentos no sentido de propor uma cronologia lógica e histórica desta produção, assim:
Manuel Bandeira entrelaça história e memória quando organiza cronologicamente um conjunto de autores e de obras relacionados a estilos de época em sua Apresentação da poesia brasileira. A escolha apresenta um recorte tanto do ponto de vista da produção literária, poesia, quanto do espaço, nação. Dessa maneira, ao reunir um continuum apenas de poetas cuja sustentação e sentido são encontrados em diferentes instâncias, intra ou extraliterárias, dependendo do momento do Brasil, o historiador estabelece seu conceito do que seja a poética nacional. (MAROZO, 2011, p. 89)
Concordando com as nossas abordagens à fonte/linguagem escolhida, onde incluimos poemas que foram, a posterior, musicados, percebemos em Brenda Marques Pena em sua dissertação de mestrado chamada “A Poesia sonora como expressão da oralidade: História e desdobramentos de uma vanguarda poética“, onde ela trata as diversas facetas de um poema e sua apresentações diversificadas, por isto, incluímos, conscientemente estes poemas aqui selecionados para a realização de nosso trabalho. Tal diversificação é explicitada na seguinte passagem:
As tradições ocidentais consideravam a poesia como a arte da linguagem verbal, a Poesia Sonora e a Poesia Visual, se esforçam em conjunto para ultrapassar esse estatuto, rejeitar sua coerência e esquecer suas regras limitadoras. A Poesia Sonora e a Poesia Visual nos “falam” em uma linguagem composta de elementos desnaturados na articulação de vocemas, grafemas, sons, silêncios, gestos ─ vestígios do universo com o qual nos confrontamos. (PENA, 2007, p. 19)
 Por fim, na produção de Maria Tereza Scotton, onde temos uma forte presença do posicionamento da teórico da “História vista de baixo”, a autora em seu artigo se apoiará em poemas produzidos com intuito de captar estas dimensões do cotidiano e trazer para um plano mais visível as discussões protagonizadas nos poemas que ela elege como objeto de análise, notamos sua preocupação em expor, também, as leituras mais mentais dos sujeitos tratados – quando não coisas – em sua condição moral a partir do autor
Manoel de Barros [que] constrói sua obra, tal como Benjamin (1984) identifica a forma com que as crianças fazem a história, ou seja, a partir do lixo da história.
Ele elege para matéria de poesia a pobreza, os objetos e as coisas que não têm valor de troca (como latas e parafusos velhos, cisco, lagartixas e formigas), os homens desligados da produção (loucos e andarilhos), os homens humildes que, embora empobrecidos e iletrados, possuem grande sabedoria. Ele explica a dignidade que imprime a esses seres e coisas. (SCOTTON, ????, p.03)
Por todas as evidências ora apresentadas aqui, acreditamos fielmente no potencial educacional do poema enquanto fonte e linguagem histórica. Por toda a sua capacidade de apreensão e descrição do passado e suas possibilidades de uso prático na prática da docência e, sobretudo, do resgate histórico. Segundo Fonseca, a vida, a poesia e a “história – dimensões do nosso viver... Recuperar essa totalidade é valorizar nossa existência, libertar nossos sentimentos, nossos pensamentos” (FONSECA, 2003, p. 178) para um mundo mais complexificado e contingente, onde as possibilidades são finitas na medida em que finito seria a capacidade humana de aceitar e endossar os diferentes modos de ver e perceber a história.

Referência Bibliográfica


FERNANDES, Bruno (2011). Literatura e identidade: poesia de representação em busca de uma cidadania negada. Revista Eletrônica dos Programas de Mestrado e Doutoramento do CES/ FEUC/ FLUC, Nº 6, 2011.

MAROZO, Luís Fernando da Rosa. Manuel Bandeira: memória e história da poesia. Porto Alegre, Março de 2011.

PENA, Brenda Marques.  A Poesia sonora como expressão da oralidade: História e desdobramentos de uma vanguarda poética. Belo Horizonte, 2007.

PROENÇA FILHO, Domênico (2004), ―A Trajetória do Negro na Literatura Brasileira Estudos Avançados, vol. 18, 50.

SCOTTON, Maria Tereza. A representação da infância na poesia de Manoel de Barros. Rio de Janeiro.
THOMPSON, E. P. Tempo, Disciplina do trabalho e Capitalismo Industrial. In: THOMPSON, E. P. Costumes em Comum. Trad. Rosaura Eichemberg. São Paulo: Compainha das Letras, 1998.



[1] PROENÇA FILHO, Domício (2004). A Trajetória do Negro na Literatura Brasileira Estudos Avançados, vol. 18, 50. Artigo escolhido por nós para enfatizar as emergências do trato e discussões sobre as demandas etnico-raciais, concordando com a lei 10.639. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142004000100017&script=sci_arttext. Acesso em 18 de Junho de 2013.


[1] A rosa com sua simbologia ocidental e vista como presente, lembrar o presente de grego, o cavalo de tróia.
[2] Lembrar de contextualizar social e mentalmente a sociedade japonesa para maior ênfase das leituras dos fenômenos sociais e mentais.

Anotações da "revolução de 30", do golpe de 64 e da redemocratização.

Da revolução de Trinta até FHC: Um breve resumo.


BADARÓ, Wilson Oliveira

A "revolução de 30" se caracteriza por um acúmulo de ações historicamente verificáveis como processo que culmina neste momento de transformação mais significativas que acaba, por fim, por receber o status de "revolução", estando diretamente ligada com estas mudanças políticas, sociais e econômicas que verificaremos ao longo deste texto. Tal caracterização dá-se pela ruptura com o antigo modelo de "democracia e liberalismo excludentes" (MENDONÇA, 1990, p. 252 in: LINHARES, 1990), a princípio, muito notórios na política dita republicana do Brasil que perdurou, segundo a mesma autora, de 1889 até 1930. Naturalmente, para corroborar com a queda deste modelo, além dos diversos fatores apresentados pela autora, contamos com a ideia da crise dos anos 20, que é especificamente uma crise sócio-econômica e política e, que está também ligada com o declínio do coronelismo e a insatisfação ativista da burguesia cafeeira movendo elementos que implicarão, mais tarde, nesta revolução. Sendo que a ideia de declínio do coronelismo, sobretudo no nordeste do Brasil, está, também, ligada à abolição da escravidão que enfraqueceu e desestabilizou as bases produtivas do antigos donos de engenho do nordeste.
            Segundo  Sônia Regina de Mendonça, este período é caracterizado por "uma crise de hegemonia em sentido estrito, na medida em que nenhuma classe ou fração de classe lograra o controle inconteste do aparelho de Estado" (MENDONÇA, 1990, p. 256 in: LINHARES, 1990). Neste sentido, na falta de uma maior articulação política entre os estratos sociais dominantes, temos a formação de uma estrutura regional de classes e, obviamente, uma hierarquização e maior privilegio por parte de uns e prejuízos de outros o que causa, como por consequência, oposições e rupturas dentro das próprias classe dominantes (MENDONÇA, 1990, p. 256 in: LINHARES, 1990).
            Neste quadro, temos uma ascensão notória das classes médias urbanas na maior participação no processo de produção e participação do crescimento econômico do país, apoiados na ideia de liberalismo, e sentindo-se livres para direcionar críticas ao regime vigente, contudo, sem um poder mais significativo de representatividade àquela altura (MENDONÇA, 1990, p. 257 in: LINHARES, 1990) o que será, mais posteriormente, reforçado pelos movimentos operários que, por sua vez, "ilhados", irão apresentar um quadro em que a política vigente não mais poderia prosseguir. Ao menos, não naquelas condições de exclusivismo político e classista, reforçados pelo fenômeno do tenentismo – embora com toda a sua atuação, às vistas da população, dual –, em que se encontravam.
            Neste cenário de instabilidades políticas, de práticas políticas excludentes, demagógicas e contradições a Coluna Prestes aguardava apenas a "nova manifestação de crise cafeeria" (MENDONÇA, 1990, p. 260 in: LINHARES, 1990) para mobilizar-se no sentido de direcionar e insuflar novas demandas sociais. O que, naturalmente, apareceria junto com a Aliança Liberal e os setores populares como reforço da emergência de transformações na condução objetiva da política e economia nacionais. Feita esta contextualização apresentando trechos do panorama histórico vivido, abordemos a primeira questão central proposta.
A "revolução de 30" foi um fenômeno político-social que implicou na lateralização da oligarquia tradicional das esferas do poder e impediu que os seus aliados políticos – setores socialmente articulados com esta oligarquia – não conseguisse "nem legitimar o novo regime, nem, tampouco, de solucionar a crise econômica" (MENDONÇA, 1990, p. 261 in: LINHARES, 1990). Isto faz com que nenhuma das fragmentadas categorias constitutivas das esferas da elite política conseguisse, efetivamente, tornar-se hegemônica, abrindo assim espaço para uma reestruturação do aparelho do estado que tornou-se mais burocrático e autônomo. Esta autonomia e burocratização, a longo prazo, irá significar formas diferentes de acesso aos cargos públicos superando nitidamente os processos coronelistas, por exemplo, o nepotismo político, e a ideia da reprodução das classes dentro de seu próprio aparelho.
Nesta altura, importa discutir rapidamente o debate historiográfico feito pela autora que trata das tendências à uma leitura do caráter classista ou meramente fenomenológico social da revolução. A autora mostra a tendência euroinfluênciada de Sodré onde a revolução é um fenômeno guiado e motivado pela burguesia industriaria sequiosa da queda dos agroexportadores contrapondo indústria – enquanto modernidade – e agroexportação – enquanto antiguidade e atraso.
Em seguida vemos a leitura de Santa Rosa sobre a revolução onde o tenentismo é quem lidera os movimentos de transformação revolucionária legitimados pelos anseios dos setores médios e demandas de modernização urbanística e industrial do país e, sobretudo, como movimento moralizador da política corrompida e mal formada, levando assim, ao desenvolvimento.
Depois, Weffort e Fausto refutam as duas proposições anteriores acusando-as de reducionistas e simplistas e propondo em seu lugar uma complexificação das ações do novo regime – novo Estado – em detrimento das intenções outrora enunciadas como finalidades, expectativas e anseios da classe média. Em outras palavras, foi um acumulo de fatores externos ao estado como "cisão entre as oligarquias, (...) movimento militar, (...) fraqueza política da burguesia industrial" que levaram à um "vazio do poder" (MENDONÇA, 1990, p. 262 in: LINHARES, 1990), significando aí que esta nova ordem não mais seria a tradução ipsi litteris dos desígnios e desejos de uma única classe.
Finalmente, a última reflexão deste debate historiográfico, que, com De Decca, desloca o foco das discussão do recorte temporal de 1929-1930 para 1928 onde de fato, haveria ocorrido a "verdadeira revolução" incluindo na discussão a participação ativa da hoje vista como atuação de esquerda do Bloco Operário e Camponês com o Partido Comunista que vem a  ser subjugado facilmente pelas classes então dominantes – a Burguesia Industriária.
Nesta avalanche de teorias acerca da "revolução de 30", a autora conclui que "o que definiu o período foi a disputa – ainda entre oligarquias – pelo controle do Estado, não conquistado por nenhuma delas" (MENDONÇA, 1990, p. 263 in: LINHARES, 1990) e seguindo um caminho mais intrínseco e particular que priorizou a descentralização e nacionalização dos mecanismos de controle e de poder decisório evitando assim, as influências ora perceptíveis das diferentes regiões em disputa pela hegemonia no aparelho do Estado. Consequências notórias desta nova ordem política do Estado traduziu-se na "revolução constitucionalista", nomeação de interventores escolhidos dentro do agora sistema autônomo do Estado e a criação sistemática dos Institutos, conselhos e comissões que discutiriam as novas tendências e necessidades da nação. Contudo, a autora aponta para a questão de uma modernização apenas alcançada de forma significativa no Estado Novo, mas, aqui, percebemos que as bases foram, de fato, lançadas.
Muitas outras medidas foram tomadas pelo Estado para garantir que seus progressos fossem garantidos com maior esforço no sentido da centralização do poder no governo federal como: controle mais ostensivo das elites políticas regionais; despolitização e afastamento dos tenentes das forças armadas; criação do Ministério do Trabalho; definição dos sindicatos tais quais "órgão de colaboração do Estado" e por fim a repressão da Aliança Nacional Libertadora – ANL.
A ANL irá confluir em suas bases várias vertentes do comunismo nacional e internacional, socialismo etc., no sentido de fazer frente ao autoritarismo com as chamadas frentes populares, encontrando sérias resistências externas e, sobretudo, internas em virtude de sua dualidade ideológica – ampliação da aliança de classes e insurreição. Por ter a insurreição como maior foco, o que gera uma derrota grande da ANL para o Estado, ocasionando fortes repressões aos grupos que se aproximassem das vertentes comunistas.  Dadas estas informações, temos uma caracterização da estabilização do Estado autoritário que irá, a posteriori, ressurgir fortemente, no sentido de suas formas de repressão, durante e após o golpe de 64.
2) Após o pleno processo de modernização pelo qual passou o país na fase do desenvolvimentismo que modificou as relações e situações nacionais nos segmentos político, econômico e social, veremos como os processos se desenvolveram para problematizar tal desenvolvimento e suas consequências.
No campo das percepções das mudanças do panorama social, tratamos inicialmente de perceber um fenômeno comum, já notado e descrito por vários teóricos das ciências sociais – a mobilidade social e as transformações da paisagem urbana – que são as migrações demográficas e de contingentes populacionais da área rural – antiga zona de produção e desenvolvimento econômico no período das oligarquias – para os centros urbanos, agora como centro catalisador da mão de obra e das oportunidades de trabalho, causando um significativo e definitivo aumento destes centros, em termos demográficos e econômicos e, um consequente esvaziamento da área rural – o chamado êxodo rural.
Fenômeno este que é apontado pelo autor como "inversão da relação campo/cidade" (SILVA, 1990, p. 301 in: LINHARES, 1990) e uma consequência imediatamente percebida, também, é o reflexo que estas transformações terão para o quorum eleitoral baseado nas políticas coronelistas de alguns partidos que nele se fundavam – caso do PSD, PTB e UDN – o que mais tarde se verificará importante, enquanto processo, na culminância do "golpe de 64".
Obviamente tal fenômeno de mobilidade populacional gera o surgimento, mais forte ao menos, de uma outra classe/categoria social, o operariado, oriundos dos mais diversificados setores da produção industrial.
Contudo, mesmo com o aumento substancial da classe operária que leva a uma diversificação em cadeia das capacidades produtivas da própria indústria como uma consequência direta de sua expansão, nota-se, segundo Silva, uma expansão integrada e, talvez, complementar para subsistência da primeira, uma expansão de micro negócios (oficinas e fabriquetas) e um aumento do contingente camponês (SILVA, 1990, p. 303 in: LINHARES, 1990). Este hibridismo das formas de produção – as não capitalizadas concomitantes às formas capitalizadas de produção –, outrora apontada por Celso Furtado e Roberto Campos, é visto como um entrave ao desenvolvimento pleno do capitalismo. Neste ponto, políticas de desenvolvimento irão aumentar as tensões nas relações políticas dos diversos partidos fazendo com que se comece a perceber no cenário político mais amplo as articulações políticas dos militares no sentido de intervir contra o trabalhismo e o próprio Vargas (SILVA, 1990, p. 306 in: LINHARES, 1990).
Este "dualismo estrutural" que são resquícios de um sistema funcional pautado em heranças feudalistas e coloniais aliado, forçosamente, por questão de problemas nas políticas de um liberalismo restrito ao capitalismo modernizado, remeteu o país a tomar medidas de inclusão e aproveitamento dessa mão de obra retardatária. Diante destas crises e tensões político-econômicas, eventualmente, pode-se dizer que diante das pressões internas e conspirações que levaram o próprio presidente ao suicídio – Vargas – o caminho estava livre, teoricamente para a ascensão da direita ao poder. Neste momento configura-se em 1955 o chamado golpe preventivo que atendia, parcialmente, àquela altura, as expectativas e pretensões dos militares golpistas. Obviamente, estas expectativas não foram suficientemente atendidas aos olhos dos militares. Deste modo, os esforços dos militares em apresentar uma unidade aparente do governo fica comprometida diante das crises apresentadas no governo de Kubitschek, o que leva posteriormente Jânio Quadros ao poder junto ao seu opositor, Goulart .
Após a renúncia precoce de Goulart, um período de tensões políticas se instala irremediavelmente nas esferas do poder do Estado. Cientes da evolução e provável vitória da esquerda nos moldes democráticos se viam na posição de tomarem uma ofensiva para evitar o, democraticamente falando, inevitável. É aqui que temos a retomada do "populismo", por parte da direita que inclui as ações dos militares, como mecanismo passível de uso para garantir o enfrentamento do reformismo da esquerda. Diante destes impasses e tensões, a revolução parece uma opção desejável aos esquerdistas, mas, a heterogeneidade  da esquerda podia apresentar-se como um empecilho à revolução. Assim bem como as questões da reforma agrária no Brasil era um outro ponto de pauta da esquerda que assombrava o bloco político da direita e as elites agrárias remanescentes.
Dentro deste clima tenso onde a direita junto aos militares Goulart convoca a solicitação de retorno ao presidencialismo. Sob forte pressão americana no governo de Kennedy para que o Brasil se juntasse ao bloqueio a cuba, não encontrando no governo vigente brasileiro um posicionamento favorável ao seus interesses, os americanos, por meio da "Aliança para o progresso" tomam medidas drásticas que oscilavam entre a inteira caridade e a negligência total e o incentivo à formação de institutos que se opusessem ao governo de Goulart. Tudo isto para aumentar seu poder de ingerência na governabilidade do Brasil.
Nesta altura, além do bloqueio naval à cuba, o aumento das tensões da guerra fria forçam os EUA a serem mais agressivos em suas práticas diplomáticas no Brasil no sentido de aumentar sua influência junto à ONU atraindo o Brasil para o seu lado "alinhando-o". Assim sendo, os americanos lançam mão de um antigo investimento seu em terras brasileiras a Escola Superior de Guerra (ESG) fundada para garantir o "desenvolvimento e segurança" nacionais, sendo esta, apoiadora incondicional das políticas liberalistas e combatiam abertamente o nacional desenvolvimentismo. A ESG, por questões políticas internas, abandonou posteriormente as questões ligadas ao desenvolvimento econômico do país.
É justamente dentro deste contexto supramencionado e desenvolvido que o golpe militar ocorre. Após a vitoria de Goulart em sua intenção de restaurar o presidencialismo confirmam o prognóstico da direita acerca dos avanços da esquerda no sentido de prevalecer dentro dos moldes democráticos. Com o episódio do motim dos militares da aeronáutica que desejavam participação nos processos eleitoreiros e melhores condições na tropa, Goulart se vê em um impasse que fora contornado, contudo, ameaçado pelas tramas da direita, sobretudo, da UDN com Carlos Lacerda mostravam o isolamento de Goulart no tocante aos ministérios conduzidos em sua maioria pelos militares (SILVA, 1990, p. 321 in: LINHARES, 1990).
Goulart então apela para o apoio da esquerda e da mobilização popular com o intuito de realizar as suas pretensas reformas de base encaminhando "uma série de leis ao Congresso, entre elas a lei de Reforma Agrária, em 15 de março de 1964" (SILVA, 1990, p. 321 in: LINHARES, 1990). Novamente, um outro "incidente militar" desta vez na marinha, impelindo e estimulando a necessidade de se legar amplos poderes às forças armadas para atuação e supressão de tais "incidentes". Enquanto isto, em Minas Gerais, dava-se os últimos ajustes para o golpe que estava previsto para este mesmo mês de março. Deste modo, para evitar maiores complicações, Goulart renuncia. Está consumado o golpe militar que tomou o poder e legou à direita a supremacia numérica no Estado.
A partir deste ponto, notamos que o que deveria ser passageiro e apenas transitório pode ser analisado como duradouro se considerarmos todas as intervenções militares no campo político, sendo que estas, sempre se deram favoráveis à direita. E neste seguimento, a repressão tendeu a recair sempre sobre aqueles que desejavam ver realizadas as intenções anteriores da esquerda como as realizações reformistas, trabalhistas com a perseguição e desaparecimento de lideranças políticas e de movimentos sociais. Os expurgos se tornaram uma constante.
Para amenizar as possíveis leituras mais céticas do recém implantado regime, medidas de transformação da realidade econômica são adotadas, medidas que, diretamente, apenas afetaram as camadas mais baixas do estrato social daquele contexto como o arrocho salarial para baratear os custos de produção interna melhorando assim, como por consequencia, a competitividade dos produtos nacionais no exterior. Roberto Campos é destacado por sua política de internacionalização e tendência fortemente liberal e privatizadora  primando a diminuição da participação do Estado como formas de dinamizar a economia. (SILVA, 1990, p. 324 in: LINHARES, 1990)
Medidas estas que ao afetarem as camadas menos favorecidas geram insatisfação e, conseguintemente, atividades mais ostensivas por parte dos sindicatos que vêem, por sua vez, a repressão concentrar suas atenções às suas instituições mais combativas.
Diante das ações mais radicais do militarismo enaltecido no tecido governamental, percebemos uma ruptura dos atores motivadores do golpe como Ademar de Barros e Carlos Lacerda com as intenções militarísticas. Diante de tantas desconfianças das possíveis intenções de perpetuação e de atuação mais incisiva dos militares enquanto agentes interventores no governo federal, reforçado pelas ações do CODI (Centro de Operações de Defesa Interna) e também do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) temos uma mobilização por parte dos antigos apoiadores da "revolução" – Ademar de Barros e Carlos Lacerda por exemplo.
Daqui para frente, a repressão é a vedete e carro chefe da condução formal do governo do regime militar. Cinema, teatro, imprensa, músicas e muitos outros seguimentos são censurados para garantir a legitimidade e não subversão dos ideais nacionais propostos pelo regime. Uma onda ufanista e nacionalista irá tomar conta das movimentações do governo.
Apesar do "milagre econômico", o que se vê na prática é uma acentuação exacerbada do abismo social entre ricos e pobres, o que leva à um processo necessariamente emergencial de mudança estratégica, verificado na transição econômica do II PND (SILVA, 1990, p. 332 in: LINHARES, 1990).
Após fortes mudanças no quadro econômico mundial – 1973 – o último general presidente concede anistias políticas (1979-1984) que vão desembocar na reforma e restauração dos partidos políticos do Brasil. Com a fragmentação do MDB veremos uma dança enxadrista de manobras entre líderes políticos para "transição entre a ditadura e um regime representativo" (SILVA, 1990, p. 332 in: LINHARES, 1990). Resistências contra a "diretas já" não faltaram, contudo, mobilizações de instituições e das massas que viram em Paulo Maluf uma continuidade duvidosa e indesejada do regime fazem recuar tais articulações. Tancredo Neves e Sarney, em uma aliança salutar para ambas as reivindicações – direita e esquerda – chegam ao poder.
Após a morte prematura de Tancredo Neves, Sarney é quem ascende ao poder com a incumbência de sanar pesadas cobranças historicamente construídas e socialmente notórias.
3) O processo de redemocratização do Brasil já fora descrito parcialmente na questão anterior onde temos uma abordagem que contempla as discussões introdutórias acerca desta redemocratização. Um dos grandes motivadores do processo de redemocratização foi o esgotamento do modelo substituição de importação e o processo gradual de desindustrialização verificado no contexto dos anos 1980-82 em virtude do alto grau de dependência econômica atrelado ao endividamento externo.
O clima de transição entre o regime ditatorial e o de democracia representativa se instalara, o autor apresenta-nos dois conceitos de O’Donnell – transição por colapso e transição pactuada – mostrando que o segundo se mostra mais próximo da realidade brasileira.
Diante das crises notórias do regime ditatorial o clima de transição fica evidente no lema “Muda Brasil” com forte adesão popular e mobilizações de partidos como o PT. Partindo destas constatações, o autor apresenta-nos um quadro onde Tancredo Neves é além de um antigo opositor do regime o personagem determinante na conduta deste processo de transição “lenta, gradual e segura”.
Diante das constantes tensões intra e extra partidárias temos o PT como ator de uma leitura diferenciada dos outros partidos em relação a esta transição que se mostrava bastante “conservadora e pactuada com o autoritarismo”, sobretudo, desconfiava do real papel de Tancredo Neves neste contexto, desconfiança esta que só aumentou com a candidatura de Maluf e Sarney. Perante os problemas na presidência de Figueiredo, os movimentos das elites atestavam uma ansiedade em garantir para si mesmas um status quo equivalente ao de sempre, uma continuidade de sua condição diante da, aparentemente, inevitável mudança. Falamos da mudança pois, o movimento iniciado e refutado pelas esferas do poder da Ementa Dante de Oliveira já havia sido incorporado e endossado pelas massas, mas justamente, cientes desta negação porvir da Emenda, os políticos já faziam uma projeção das reações futuras da população à esta negação.
Para piorar, a fragmentação que vivia a extrema direita gerava um risco de revanchismo e, com efeito, de cobrança das atrocidades e erros serem cobrados após a dita transição, como ocorrera em outros países citados pelo autor, por isto, a negociação emergencial entre oposição e a base governista era necessária e assim foi feito.
A solução foi habilmente negociada. Embora permanecendo no PDS votariam no candidato do PMDB, Tancredo Neves, caso fosse garantida pela oposição uma transição sob controle. A garantia de uma transição que não escapasse ao controle das elites políticas do regime agonizante seria feita através da incorporação do próprio Sarney como vice-presidente na chapa do PMDB, além da indicação de alguns dos principais políticos do PDS para o futuro ministério (...) (SILVA, 1990, p. 338-339 in: LINHARES, 1990).

Após este acordo, assistimos a formação do PFL, que junto ao PMDB – Aliança Democrática – são acusados de “peleguismo” junto ao conservadorismo. Assim, a esquerda, sem o PT, representada pelo PDT, apoio a Aliança Democrática em sua marcha junto as mobilizações regionalistas no sentido de fortalecê-la. Tal mobilização da esquerda e da direita consegue eleger Tancredo Neves, é o fim da ditadura.
Com a morte “oportuna” de Tancredo Neves, os espaços ficam cada vez mais amplos para as articulações e condução do processo de transição democrática. Em princípio Sarney respeita os acordos previamente feitos com Ulisses Guimarães e desenvolvendo a grande expectativa da firmação de uma constituinte. Constituinte esta que previa a retirada de todo o “entulho autoritário”  que limitava o exercício pleno da cidadania e liberdade de expressão. Enquadra-se ainda dentro deste entulho o serviço público que, quase nepótico e clientelista, como aponta bem Nicolau Sevcenko em seu livro “A literatura como missão”, como apontado, também, no texto de Francisco Carlos Teixeira da Silva, era deficiente, viciado e historicamente despreparado. Argumento que poderia ser amplamente usado como reforço de uma política anti-estatista, reforçando assim a ideia de inserção de políticas externas e privatizações como solução para os problemas econômicos – Estado mínimo.
Com maior abertura de políticas sindicalistas e redemocratização das práticas políticas e liberdade de expressão, a classe média mais articulada e o “Novo Sindicalismo” se constituem como ponto de apoio para as bases de transformações mais significativas no cenário nacional. Com a criação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), este movimento primário de solidariedade intra profissional começa a ganhar corpo. A ampla adesão à CUT reforça os ideais de cidadania e,  a fortiori, a crença na força representativa dos sindicatos.
Dentro desta conjuntura temos
Pela primeira vez na história do país, e atendendo às pressões das novas formas de representação, são aceitas emendas populares, propostas por petições encaminhadas por pelo menos três organizações da “sociedade civil” acompanhadas por 30 mil assinaturas. Campanhas variadas circulam o país em favor da incorporação de medidas institucionais em favor dos trabalhadores, de minorias raciais e sexuais, da mulher, da criança e do jovem, pelo meio ambiente, etc. (sic). (SILVA, 1990, p. 342 in: LINHARES, 1990)

Após aceitas boa parte destas reivindicações temos a mais democrática Constituição vigente com garantias plenas e com amplos ganhos em todos os seus segmentos discutidos. Em contrapartida, os conservadores com críticas a partir de suas bases tentavam minar a validade e aplicabilidade desta Constituição iniciando uma briga no campo ideológico em torno da Constituição e suas premissas.
No tocante aos embates entre esquerda e direita, a transição pactuada impedia a esquerda de imobilizar permanentemente a direita. Assim, vimos a anistia como revitalizador político da direita.
Apesar deste impasse, temos um sabor de vitória presente neste contexto, vitoria esta que logo saber-se-á efêmera e transitória diante das ações corrompidas e direitistas do presidente José Sarney que apresentara sua face clientelística e corrompida que aliou posteriormente seus projetos pessoais e interesses, “os interesses fisiológicos da representação política e o projeto conservador das elites nacionais” (SILVA, 1990, p. 345 in: LINHARES, 1990).
Seguindo a tendência idiossincrática e demagoga da atuação de José Sarney enquanto político, temos a economia nacional, de novo, nas mãos dos estrangeiros. Pagou-se um alto preço pela política de endividamento como política de estabilização econômica do país.
A reforma monetária proposta por Dilson Funaro criou uma imediata sensação de poder econômico rebaixando a inflação, valorizando a moeda, mas, em virtude da política de endividamento das gestões passadas e desta gestão limitava e condicionava o “Plano Cruzado” à um restrito campo de ação. Já com o “Plano Cruzado II” a realidade vem à tona. Os preços que antes congelados e controlados pela SUNAB disparam e a inflação retoma seu curso ascendente sem precedentes. Ações populares explodem no sentido de cobrar as promessas dantes feitas. Sarney se vê pressionado e sem apoio. O governo retoma práticas repressivas para convencimento da continuidade do trabalho das massas usando-se das Forças Armadas. Neste contexto temos o surgimento de Collor que liderará as denúncias de corrupção, mal uso dos recursos públicos e dos marajás.
Apoiado em suas denuncias, Collor irá se auto promover e se projetar como um político atuante e sério, contudo, sua principal característica, segundo o autor, é dual. Dual porque em primeiro momento aparece como ilusionista das demandas populares e segundo porque é afinado com solidamente com os interesses das elites nacionais no sentido de “desmontar os mecanismos distributivistas do Estado” (SILVA, 1990, p. 352 in: LINHARES, 1990). Com estes ataques ao governo deficiente e problemático e diante de uma população sequiosa de um político promissor, temos, àquela altura, o vislumbrar de um potencial presidente da república à altura dos anseios populares...
A candidatura da primeira eleição realmente democrática contou com uma série de recursos antes nunca vistos e justamente por isto, bastante problematizada pelo autor Francisco Silva. Ele apresenta todos os candidatos como sendo de centro-direita. Dificultando assim o trabalho de escolha da população que se distanciava muito objetivamente de políticos que tivessem alguma ligação com o antigo regime opressor vivido.
Diante de um quadro social sofrido com, pobreza e miséria em alta, problemas trabalhistas crônicos, os políticos, em sua grande maioria, encontravam-se desacreditados e em baixa na estima popular mais geral. Contudo, sobressaem dois, – Lula e Collor – como modelos distintos de possibilidades um por sua origem humilde e forma de vida dentro da sociedade e o outro, de certa forma, também, por sua origem, mas, sobretudo, por suas propostas e promessas de viabilização de um país mais moderno e consumista aliados à “Nova Ordem Mundial”.
Segundo o autor, o PT apostou numa estratégia ruim, o que levou ao insucesso de sua campanha no primeiro turno. Já no segundo turno, formadas as alianças partidárias, as estratégias não mudaram, e o ataque pessoal de Collor à pessoa de Lula foram decisivos para a sua derrocada nas urnas.
Eleito, Collor põe em ação o que mais tarde será denominado de “Plano Collor” que teve seu grande foco na derrubada da inflação como forma de apresentar resultados imediatos e uma prática de caça aos pretensos “marajás”, “Collor se eximia de enfrentar as verdadeiras causas da injustiça social” (SILVA, 1990, p. 358 in: LINHARES, 1990). Mas, como de fato se percebeu uma inundação de importados à disposição para a compra e utilizando-se destes mesmos importados como forma de combate aos preços abusivos do mercado interno tem-se a sensação de melhoria na economia, seguindo a tal “Nova Ordem Mundial”. De certa forma, era notória a orientação do neoliberalismo na política de Collor onde a livre iniciativa iria conduzir a economia à um neo “Laissez-faire, laissez-passer, le monde va de lui-même”, porém, este alto individualismo pregado, em detrimento de uma maior ação comunal sempre apresenta limites e priorizará quem já está em vantagem. Neste contexto de aproveitamento pessoal constante, o que se preza é o individualismo e ganho pessoal sobretudo. Nesta passagem torna-se nítida a evidência desta tendência na sociedade capitalista e liberalista proposta: “A incorporação de tecnologia, com a melhora de qualidade dos produtos, e o aumento de produtividade são pouco considerados, ocorrendo frequentemente fraudes no peso ou nos componentes, como forma de aumentar os lucros.” (SILVA, 1990, p. 361 in: LINHARES, 1990).
Mais uma vez, vemos na história da jovem nação brasileira um plano econômico falhar e sucumbir diante das seqüelas historicamente construídas – dívida externa, inflação incontida, industrialização setorialmente focada e hibridizada – levam o plano a dar sinais de esgotamento também, uma vez que, “o perfil industrial do país era, e ainda é, atrasado” (SILVA, 1990, p. 361 in: LINHARES, 1990).
Assim, detectando-se tal mazela e entrave para o desenvolvimento, trata-se de resolver parcialmente tal problemática sendo que os bancos foram os primeiros a se lançarem na empresa de substituir a mão de obra por tecnologia seguindo as tendências mais atualizadas e alinhadas à “Nova Ordem Mundial”. (SILVA, 1990, p. 358 in: LINHARES, 1990).
Com estas ameaças rondando a garantia já baixa de emprego do cidadão brasileiro, a desconfiança começa a pairar sobre as ditas vantagens do Primeiro Mundo. Para completar o quadro de desilusões, desconfianças e temores da população nacional, escândalos, corrupção e falcatruas voltam a surgir no ideário político da nação brasileira. Agora, é a vez da Casa da Dinda, ou seja, a residência da família Collor. Expostas as ligações ilícitas e os feitos do presidente que manchavam e maculavam sua posição enquanto presidente, tem-se o início de um fenômeno que seria inédito nas práticas políticas democráticas de até então.
Tal fato reforça a decepção da sociedade brasileira e o autor se utiliza muito bem de músicas e da TV enquanto linguagens e fontes para enfatizar e desvelar o nível das mentalidades da sociedade daquele contexto histórico efervescente. Obviamente, o desfecho de tanta desilusão foi o impeachment do presidente Collor que quebrará uma cumplicidade estabelecida entre ele e a sua sociedade, segundo o autor. Cumplicidade esta que fora construída a partir de abordagens psicologizantes e apoiadas numa imagem desenvolvida para conquistar no nível mais mental e que se quebrou pelo romper da confiança com as polêmicas em que se envolveu a figura do presidente. O autor conclui que o impeachment foi obra do povo brasileiro.
Com a queda lastimável do presidente Collor, sobe ao poder o seu vice, Itamar Franco. Seu governo, em princípio é marcado por indefinições nas orientações da política econômica a ser tomada, ou seja, entre a estatização e a privatização.
O autor apontará como grande fenômeno deste momento histórico a ascensão do PSDB como partido político – os modernizantes – líder das ações políticas, e seu distanciamento do PMDB lhes aproximando do PFL.
Por fim o autor se concentrará em determinar como fenômenos constantes em seu texto o mal da corrupção quase que congênita na política nacional como um perigo para o futuro político do país, como por consequência,  este mal afastaria os eleitores das discussões políticas e seu interesse nela. Este fenômeno de ojeriza popular à política seria um somatório das desilusões e fatores de má condução da política nacional. Também como agravantes temos a histórica distribuição de renda desigual; condição de trabalho injusta; problemas da mão de obra e trabalho infantis que, por sua vez, implicam em problemas educacionais futuros; desigualdades sociais e raciais notórias desde 1988 pelo IBGE (sendo que sabemos ser mais antigo estes problemas). Tais fatos promovem uma deficiência futura nas relações de poder e acesso das massas e minorias subalternizadas à ocupações mais bem remuneradas em virtude de seu alijamento dos processos de formação e educação mais promissoras.
O autor aponta a criação do MERCOSUL como um dos adventos mais positivos do bloco dos países da América do Sul onde trocas produtivas ocorrem com maior intensidade e tende a aumentar a solidariedade entre estes países.
Nesta altura, começa por parte do autor uma discussão acerca das possíveis intervenções para maior democratização das possibilidades, ou seja, da redemocratização e melhor condição de vida e justeza social entre o Estado e a iniciativa privada. Ele aponta para as posições teóricas existentes e as discussões mais atuais acerca desta temática do ponto de vista político polarizado entre esquerda e direita suas propostas e resoluções.
Assim, apresenta-nos Francisco Silva o advento do “Plano Real” de autoria de Fernando Henrique Cardoso fundamentada em uma “gerência mais eficiente dos recursos monetários e no controle do déficit público” e não em planejamentos que previam o prejuízo intenso das classes menos favorecidas em detrimento de uma pretensa saúde econômica do país, ao menos, não diretamente no bolso destas classes. Entretanto, os cortes orçamentários incidem diretamente nos serviços básicos que são, em sua maioria, acessados pelas classes mais pobres – a saúde e a educação. Então, fenômenos recentes como vimos, em virtude de sua proximidade com a contemporaneidade, tais quais o fechamento de cursos profissionalizantes conjugados do ensino médio em lugar de uma pretensa “Formação Geral” que, constituída para melhorar o desempenho e acesso destas classes à universidade, tirou-lhe uma qualificação mais direcionada ao mercado e legou-lhes uma gama de cursos em nível técnico, porém, agora, todos da iniciativa privada e pagos, excetuando-se as IF’s.
O plano “emplaca”, mas, não credencia Itamar Franco a modernizar o Estado, em seu lugar, fica bastante cotado para tal modernização, o criador do “Plano Real”, Fernando Henrique Cardoso. Nas eleições de 1994, o erro da estratégia de Lula na campanha contra Collor se repete. O foco na oposição esquerda contra direita e o discurso de análise e recuperação da pobreza exacerbada, denominada pelo autor de estética da pobreza, falha diante do mesmo discurso de modernização dos direitistas liderados por FHC. Mais uma vez, a grande novidade estava fora do campo polar de discussão política deste ano. O autor aponta como grandemente notório a projeção de Enéas do PRONA.
Finalmente, Francisco Silva dirá que a população se vê altamente motivada a exercer o voto como “instrumento válido de representação” (SILVA, 1990, p. 376 in: LINHARES, 1990) face ao fio de esperança e surto de positividade levados em consideração pelo plano real.
Com a revisão da Era Vargas temos uma modificação mais significativa da postura governamental em relação aos modelos econômicos adotados. O modelo propõe um tripé que trata da importância de se ter um “grande capital”, um Estado forte e o “grande trabalho”. Onde a grande novidade mesmo, grosso modo, fica por conta do entendimento que sem um numero efetivo de consumidores não há um capitalismo forte. Embora, o autor note que tal implantação tardia no Brasil não foi completa, foi “no máximo, um fordismo periférico, excludente e seletivo (...) [gerando] ilhas de eficiência, de bem estar, quase sempre urbanas, [que] pontilhavam um oceano de pobreza” (SILVA, 1990, p. 378 in: LINHARES, 1990). Assim, constituído sobre uma série de acúmulos de desenganos políticos, econômicos e sociais que a nossa nação tem encarado sua construção histórica até os dias atuais.

Bibliografia

LINHARES, Maria Yedda (organizadora). História Geral do Brasil. 6ª Ed. – Rio de Janeiro: Campus, 1990.
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 3ª Edição – São Paulo, 1989.
NAPOLITANO, Marcos. O regime militar brasileiro: 1964-1985. – São Paulo: Atual, 1998.