Os poemas enquanto fontes/linguagens históricas.
BADARÓ, Wilson Oliveira; DA SILVA, Monalisa Barbosa; JESUS JUNIOR, Everaldo José deOs poemas a serem trabalhados.
O patrão nosso de cada dia.
Eu quero o amor
Da flor de cactus
Ela não quis
Eu dei-lhe a flor
De minha vida
Vivo agitado
Eu já não sei se sei
De tudo ou quase tudo
Eu só sei de mim
De nós
De todo o mundo
Eu vivo preso
A sua senha
Sou enganado
Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida
Eu já não sei se sei
De nada ou quase nada
Eu só sei de mim
Só sei de mim
Só sei de mim
Patrão nosso
De cada dia
Dia após dia
A Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.Análise e Hermenêutica dos poemas: aproximações e digressões
Título:
“O
patrão nosso de cada dia.”: Lembrar que não havia
CLT.
Referência ao pai nosso e ao pão nosso. Contextualização da obrigação da oração em
relação com a necessidade de trabalhar todos os dias haja vista que neste
contexto social, a Igreja, enquanto instituição, apoiava o regime militar.
Cumprimento religioso do empregado ao seu patrão. Aproximação com a oração.
Correlação com o uso do sacerdócio egípcio no tocante ao uso da religião como
referencial de convencimento dos trabalhadores compulsórios para o exercício
das tarefas designadas.
1º Bloco
“Eu
quero o amor, Da flor de cactus, Ela não quis”
Querer o amor (compreensão, apreço, reconhecimento
do seu trabalho) da empresa (espinhosa) mas, ela – a empresa – não o quer por
estar centrada em lucros, e não humanizada, apenas se importa com a
corporatividade. Advento, também percebido amplamente na colonização das Américas
em relação aos indígenas e os trabalhos nas mitmacs
assim bem como os trabalhos escravos africanos, ambos desumanizados pelos processos
de trabalho com vistas a obtenção dos lucros, com poucas exceções a se fazer.
2º Bloco
“Eu
dei-lhe a flor, De minha vida, Vivo agitado”
Sobre a entrega da juventude ao esmero do trabalho e
os processos e apropriação do tempo de vida social e humana. Vive no rush.
Causalidade laboral indígena e seu modo de produção prol necessidades mais
imediatas e objetivas (escambo) e não, em sua maioria, voltados para a produção
em escala comercial voltada para a produção de excedentes.
3º Bloco
“Eu
já não sei se sei, De tudo ou quase tudo, Eu só sei de mim, De nós, De todo o
mundo”
Marxismo, luta de classes. Ele, provavelmente,
desconhece as causas burguesas e as formas de conhecimento elementar do
liberalismo. Apenas voltado para si e para seus companheiros de classe (
trabalhadores).
4º Bloco
“Eu
vivo preso, A sua senha, Sou enganado”
Preso ao trabalho (bate cartão) e preso sem
mobilidade ou ascensão social e econômica, daí a enganação das promessas do
capitalismo. O que nos faz lembrar as questões apontadas por Walter Fraga em
seu livro "encruzilhadas da liberdade" e as dificuldades de inserção
negra no mercado de trabalho em virtude da falta de um sistema educacional
eficiente e possibilitador de ingresso no sistema laboral vigente após a
abolição. Relembrar a questão das mitmacs
na América espanhola.
5º Bloco
“Eu
solto o ar, No fim do dia, Perdi a vida”
Respira do sufoco, vigilância constante, pressão do
ambiente de trabalho. Respira aliviado após os expediente. Sensação de exaustão
que traga todo seu tempo hábil de socialização. Analogia à expressão popular
“to morto”. Lembrar das vidas perdidas
nas construções do Egito, do trabalho excessivo da escravidão. E dos efeitos da
partilha da África pelos europeus nas relações de trabalho.
6º Bloco
“Eu
já não sei se sei, De nada ou quase nada, Eu só sei de mim, Só sei de mim, Só
sei de mim”
Uma demonstração de desilusão ao movimento da classe
operária. Como vemos o texto com uma
inclinação ao marxista, mostra a decepção a não tomada de poder da classe
oprimida. E da possível entrega ao sistema que ele combateu, o capitalismo,
mostrando um auto grau de individualização. lembrando a revolta dos malês e la noite triste. Também no Zapatismo,
até hoje, há uma luta contra essa dominação imperialista nas partes rurais mexicanas.
7º Bloco
“Patrão
nosso, De cada dia, Dia após dia”
A confirmação da entrega ao sistema capitalista, ou
a, conscientização da existência latente e consistente desse sistema. Fenômeno
que temos estudado também nos movimentos negros e indígenas mas, que de toda e
qualquer sorte, não finda as resistências sistemáticas e contínuas nestes casos
específicos.
A
releitura do Pai nosso contraposto ao poema
Bloco
1
“Pai nosso que estás no céu, Santificado seja vosso
nome,”
O patrão em sua esfera superior no topo da ascensão
econômica. Inviolável, a voz do patrão como a voz de deus, não pode ser
contrariada. Hierarquia social, econômica etc. e respeito máximo a eles.
Bloco
2
“Venha nós ao vosso reino, Seja feita a sua vontade,
Assim na terra como no céu”
Sempre o funcionário se dirigindo até as fábricas,
empresas etc.; obediência incondicional; assim no mundo proletário como no
mundo burguês.
Bloco
3
“O pão nosso de cada dia nós daí hoje, Perdoai as
nossas ofensas, Assim como nós perdoamos, A quem nos tenha ofendido”
Em virtude da alta capitalização das relações de
trabalho, denota-se a grande necessidade de dinheiro, obtido pela subserviência
do empregado ao patrão.
Ofensas enquanto chegar atrasado, fazer tarefas com
imperfeição etc. Assim como os funcionários, felizes ou não, são forçados a
perdoar eventuais atrasos de salários, falta de assistência médica, más
condições no ambiente de trabalho, o não pagamento de horas extras,
autoritarismo patronal.
Bloco
4
“Não deixeis cair em tentação, Mas livrai-nos do mal
amém.”
Não permitir a tentação de expropriar recursos,
mercadorias, nem pedir demissão etc.; livra-nos do desemprego amém.
2º
Poema
Título:
1º Bloco
“Pensem nas crianças, Mudas telepáticas, Pensem
nas meninas, Cegas inexatas”
Sobre doenças transmitidas imediatamente pela
radioatividade e a posteriori hereditariamente. Alcances radioativos em
Nagasaki. Avaliando os efeitos de longa duração dos imperialismos europeu e americano na África e América e
Japão. Cicatrizes.
2º Bloco
“Pensem nas mulheres, Rotas alteradas”
Migração das mulheres em busca de refúgio das áreas
afetadas para evitar a contaminação hereditária. Os maridos em guerra no front
e mortos nela – a guerra.
3º Bloco
“Pensem nas feridas, Como rosas cálidas”
Ferimento do orgulho; aparência de queimaduras físicas imediatas e
nos neonatos; cicatrização futura (reconstrução das cidades); as marcas
traumáticas.
4º Bloco
“Mas oh não se esqueçam, Da rosa da rosa, Da rosa de
Hiroshima”
Não esquecer do objeto causador de todos estes
efeitos supramencionados. Inserir a fumaça simbólica enquanto uma rosa.
5º Bloco
“A rosa hereditária, A rosa radioativa, Estúpida e
inválida, A rosa com cirrose”
Das mazelas causadas na saúde humana imediatamente
verificadas pelos efeitos da bomba. Do discurso da cientificidade e ilustração
humanas como norteadores do desenvolvimento científico e tecnológico não
impediram esta estupidez.
6º Bloco
“A antirrosa atômica, Sem cor sem perfume, Sem rosa
sem nada.”
Oposição
à rosa vegetal. Símbolo da vegetação saudável. Porque a radioatividade acaba
com a vegetação. Das conseqüências cabais dos efeitos da bomba. Da devastação
humana e, em seguida, da devastação vegetal. Fim da beleza: a vida como um
todo.Referencial Teórico do Trabalho.
Reflexões teóricas sobre o uso do
poema enquanto fontes e linguagens históricas.
Fundado em observações iniciais de
Selva Fonseca a principal razão de se lançar mão de outras linguagens, é
justamente o de ampliar as possibilidades, no quesito das opções metodológicas
e, sobretudo, das leituras históricas e percepção de historicidade em outras
fontes e linguagens além do livro didático, no sentido de “dinamizar” a
apreensão e assimilação dialógica do conteúdo.
Baseado nestas discussões
introdutórias acerca da inclusão de novas fontes e linguagens para o uso e
expansão das possibilidades de compreensão histórica, apresentaremos um
conjunto de trabalhos que nos influenciaram em nossa produção de aula e
teorização de nossas opções metodológicas no tocante ao manuseio de nossa
fonte/linguagem – a poesia.
A princípio, veremos como a própria
autora – Selva Fonseca – tratou do assunto. A autora fará uma discussão de
quais os alcances da linguagem e entende que “todas as linguagens, todos os
veículos e materiais, frutos de múltiplas experiências culturais, contribuem
com a produção/difusão de saberes históricos, responsáveis pela formação do
pensamento” (FONSECA, 2003, p. 164). A partir desta fala, a autora espera
chamar a atenção do quão diversificado seja as fontes fundantes dos saberes e
que, o livro didático e o paradidático, enquanto um dos principais instrumentos
do professor e aluno, reflita e aluda esta multiplicidade. Assim sendo, estas
diferentes linguagens e fontes servem como trampolim para uma profusão de
saberes oriundos dos diferentes estratos e segmentos sociais através destas
diferentes linguagens e fontes disponíveis. Dando início, a partir daí, a um
processo amplo de dialogicidade entre professor e aluno, pois, os alunos
deverão inserir diferentes fontes e linguagens a partir de seu locus e referênciais sociais para uma
discussão histórica, sem ser, necessariamente, aquela proposta pelo professor.
Partindo destas considerações,
entendemos que o poema, como fonte e linguagem que traduz uma porção de
interpretação de determinado contexto histórico, “visa explicar o real por meio
de um diálogo que se dá entre o historiador e os testemunhos, os documentos,
que evidenciam o acontecido” (FONSECA, 2003, p. 165). Em nosso caso específico,
os poemas “A rosa de Hiroshima” e “O patrão nosso de cada dia”, traduzem
anseios, demandas, inquietações e problemas do contexto vivido ou racionalizado
pelos seus autores que, em certa medida, tentam explicitar estes fatos com suas
reflexões. Muito importante para efetuar um trabalho com literatura e poemas é
a atenção apontada pela autora, citando Vieira, que se deve ter com os recursos
de linguagens e suas representações, pois, estes podem trair-nos ou levar-nos a
chegar a conclusões que podem perpassar a real intenção da obra em virtude das
metáforas, ideias de duplo sentido etc. Também, a inserção da obra em seu
contexto histórico deve ser um cuidado central do historiador no sentido de
evitar o anacronismo desmedido e também “a especificidade dos problemas (nível
micro) e ao mesmo tempo a universalidade de muitos problemas vividos por nós
(nível macro)” (FONSECA, 2003, p. 167).
Como a poesia trata muito do
cotidiano, dos fatos e relações sociais é muito natural que encontremos traços
fortes de descrição histórica de diferentes contextos históricos em suas
composições, traduzindo e evidenciando fatos que não foram, ou foram
insuficientemente discutidos pelas linguagens e fontes tradicionais, em geral,
as poesias apresentam uma leitura da realidade mais próxima da subjetividade
humana e de uma visão intrínseca de mundo relacionada ao seu autor (FONSECA,
2003, p. 174). Seria na verdade a ideia proposta Fonseca de que “incorporar
poemas e crônicas representa uma possibilidade de buscar outras formas de
acesso a níveis de historicidade” (FONSECA, 2003, p. 175). Tal uso da poesia
implica em compreendermos mutuamente não somente a poesia, mas, também, o poeta
em seu contexto histórico, o que requer esforço e fôlego hermenêuticos mais
significativos por parte do professor/historiador que se aproximar e envolver
com este segmento. Em outras palavras, seria perceber as “representações vivas
de vidas vividas” (FONSECA, 2003, p. 174).
Para termos uma maior impressão das
fontes e linguagens e seus respectivos alcances e usos por diferentes
perspectivas, veremos o que pensam outros autores e como se manejaram com os
poemas em suas construções intelectuais.
Comecemos por um autor muito
destacado e que trabalhou em parte de suas reflexões as diferentes concepções
do tempo em diferentes sociedades no mundo, e em determinadas passagens, se
utilizou amplamente de poemas denominados “contos de canterbury” dentre outros. Este historiador é o E. P. Thompson. Com
sua metodologia de abordagem aos poemas, tivemos uma ampla noção de como
trabalhar o nossos poemas e assim sendo, o utilizamos como referencial
metodológico para a composição desta teorização.
Suas reflexões e leituras dos
poemas tratados são reveladores explícitos, e por vezes implícitos de como o
tempo é percebido e medido em diferentes pontos do globo terrestre.
Domênico Proença Filho aborda a participação do negro na
literatura brasileira, dando ênfase à poesia como fonte histórica e a situação
social do negro na sociedade. Proença Filho relata:
a matéria negra,
ganha presença mais significativa a partir do século XIX, surge na literatura
brasileira desde o século XVII, nos versos satíricos e demolidores de Gregório
de Matos, como os do "Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da
República em todos os seus membros e inteira definição do que em todos os
tempos é a Bahia", poema de que vale lembrar a seguinte passagem, a
propósito, manifestamente reveladora[1] (PROENÇA FILHO, 2004).
O poeta Gregório
de Matos destaca o abuso ao negro, pelos detentores do poder, como objeto. Que
seria como hoje vemos a coisificação do ser. Assim sendo, o autor destaca
Gonçalves Dias e seus poemas que evidenciam a situação de opressão ao negro. No
poema
’A escrava’
(1846), e um texto em prosa, ‘A meditação’ (1849); nenhuma condenação aberta à
escravidão, mas a denúncia-lamento da situação de opressão. Referências sutis
são encontradas em ‘O horto’ (1900),
da preta Auta de Sousa (1876-1901), formada em colégio de religiosas francesas”
(PROENÇA FILHO, 2004).
Ainda seguindo a
linha das discussões mais voltadas para as temáticas etnico-raciais, citamos
Bruno Fernandes em seu artigo que, utilizando-se de poetas negros e da
legitimação dos discursos dos diferentes atores históricos em seus diferentes
estratos e visões, apresenta uma proposta instigante de trabalhar com poemas
enquanto fontes e linguagens de acesso ao passado.
A poesia é um tipo de obra literária que oferece a oportunidade de se
encontrar representações diversificadas sobre a realidade e sobre a sociedade.
No que concerne às representações do sujeito negro subalternizado, a realidade
sócio-cultural encontrada nas poesias apresenta-se carregada de confrontações
aos estereótipos determinados pela sociedade de cada época (FERNANDES, 2011, p.
02).
Obviamente, o uso
de poetas e poetizas negras fazem com que a leitura esteja mais próxima de uma
realidade mais evidente dos negros, contrariando assim, a antiga máxima de que
apenas temos relatos históricos sobre o passado da África e dos
afrodescendentes, a partir de uma interpretação branca e ocidentalizada. Nesta
passagem, o autor – Fernandes – deixa explicitar esta assertiva:
portanto, por meio da utilização de poesias dos autores negros
empregados enquanto fontes literárias, a análise das articulações ideológicas
destas com o posicionamento político do sujeito negro historicamente
subalternizado, suscitando a possibilidade da utilização dessas fontes como
ferramentas discursivas anti-hegemônicas e combativas da identidade negra estigmatizada
pela História oficial (FERNANDES, 2011, pp. 02-03).
Também, na tese de
doutoramento de Luís Fernando da Rosa Marozo entitulada “Manuel Bandeira:
memória e história da poesia”, onde ele busca claramente apresentar uma
tendência da produção literária e poética contextual nacional em diferentes
momentos no sentido de propor uma cronologia lógica e histórica desta produção,
assim:
Manuel Bandeira
entrelaça história e memória quando organiza cronologicamente um conjunto de
autores e de obras relacionados a estilos de época em sua Apresentação da
poesia brasileira. A escolha apresenta um recorte tanto do ponto de vista
da produção literária, poesia, quanto do espaço, nação. Dessa maneira, ao
reunir um continuum apenas de poetas cuja sustentação e sentido são
encontrados em diferentes instâncias, intra ou extraliterárias, dependendo do
momento do Brasil, o historiador estabelece seu conceito do que seja a poética
nacional. (MAROZO, 2011, p. 89)
Concordando com as
nossas abordagens à fonte/linguagem escolhida, onde incluimos poemas que foram,
a posterior, musicados, percebemos em
Brenda Marques Pena em sua dissertação de mestrado chamada “A Poesia sonora como expressão da oralidade:
História e desdobramentos de uma vanguarda poética“, onde ela trata
as diversas facetas de um poema e sua apresentações diversificadas, por isto,
incluímos, conscientemente estes poemas aqui selecionados para a realização de
nosso trabalho. Tal diversificação é explicitada na seguinte passagem:
As tradições ocidentais
consideravam a poesia como a arte da linguagem verbal, a Poesia Sonora e a
Poesia Visual, se esforçam em conjunto para ultrapassar esse estatuto, rejeitar
sua coerência e esquecer suas regras limitadoras. A Poesia Sonora e a Poesia
Visual nos “falam” em uma linguagem composta de elementos desnaturados na
articulação de vocemas, grafemas, sons, silêncios, gestos ─ vestígios do
universo com o qual nos confrontamos. (PENA, 2007, p. 19)
Por fim, na produção de Maria Tereza Scotton,
onde temos uma forte presença do posicionamento da teórico da “História vista
de baixo”, a autora em seu artigo se apoiará em poemas produzidos com intuito
de captar estas dimensões do cotidiano e trazer para um plano mais visível as
discussões protagonizadas nos poemas que ela elege como objeto de análise,
notamos sua preocupação em expor, também, as leituras mais mentais dos sujeitos
tratados – quando não coisas – em sua condição moral a partir do autor
Manoel de Barros
[que] constrói sua obra, tal como Benjamin (1984) identifica a forma com que as
crianças fazem a história, ou seja, a partir do lixo da história.
Ele elege para matéria de poesia
a pobreza, os objetos e as coisas que não têm valor de troca (como latas e
parafusos velhos, cisco, lagartixas e formigas), os homens desligados da produção
(loucos e andarilhos), os homens humildes que, embora empobrecidos e iletrados,
possuem grande sabedoria. Ele explica a dignidade que imprime a esses seres e
coisas. (SCOTTON, ????, p.03)
Por todas as evidências ora
apresentadas aqui, acreditamos fielmente no potencial educacional do poema
enquanto fonte e linguagem histórica. Por toda a sua capacidade de apreensão e
descrição do passado e suas possibilidades de uso prático na prática da docência
e, sobretudo, do resgate histórico. Segundo Fonseca, a vida, a poesia e a
“história – dimensões do nosso viver... Recuperar essa totalidade é valorizar
nossa existência, libertar nossos sentimentos, nossos pensamentos” (FONSECA,
2003, p. 178) para um mundo mais complexificado e contingente, onde as
possibilidades são finitas na medida em que finito seria a capacidade humana de
aceitar e endossar os diferentes modos de ver e perceber a história.
Referência Bibliográfica
FERNANDES,
Bruno (2011). Literatura e identidade:
poesia de representação em busca de uma cidadania negada. Revista Eletrônica dos Programas de Mestrado
e Doutoramento do CES/ FEUC/ FLUC, Nº 6, 2011.
MAROZO,
Luís Fernando da Rosa. Manuel Bandeira: memória e história da
poesia. Porto Alegre, Março de 2011.
PENA, Brenda Marques. A
Poesia sonora como expressão da oralidade: História e desdobramentos de uma vanguarda poética. Belo
Horizonte, 2007.
PROENÇA FILHO, Domênico (2004), ―A Trajetória do Negro na
Literatura Brasileira Estudos Avançados, vol. 18, 50.
SCOTTON,
Maria Tereza. A representação da
infância na poesia de Manoel de Barros. Rio de Janeiro.
THOMPSON, E. P. Tempo, Disciplina do trabalho e Capitalismo Industrial. In:
THOMPSON, E. P. Costumes em Comum.
Trad. Rosaura Eichemberg. São Paulo: Compainha das Letras, 1998.
[1] PROENÇA FILHO, Domício (2004). A Trajetória do Negro na
Literatura Brasileira Estudos Avançados, vol. 18, 50. Artigo escolhido
por nós para enfatizar as emergências do trato e discussões sobre as demandas
etnico-raciais, concordando com a lei 10.639. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142004000100017&script=sci_arttext.
Acesso em 18 de Junho de
2013.
[1] A rosa
com sua simbologia ocidental e vista como presente, lembrar o presente de
grego, o cavalo de tróia.
[2] Lembrar
de contextualizar social e mentalmente a sociedade japonesa para maior ênfase
das leituras dos fenômenos sociais e mentais.