quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

História contemporânea e proposições.


História Contemporânea: Abordagens e métodos para aulas no Ensino Médio


Wilson Oliveira Badaró



Resumo: O presente texto apresenta um resumo acerca dos conteúdos relacionados com a disciplina de Laboratório de Ensino de História Contemporânea trazendo conjunturalmente uma proposta metodológica para as atividades docentes em nível de Ensino Médio. Tal trabalho visa apresentar articulações pedagógicas dos conteúdos vistos no curso de Licenciatura Plena em História e os conteúdos cobrados como parte das matrizes curriculares do Ensino Médio e Fundamental. O propósito da produção é também obter a aprovação na disciplina em questão após anuência do ministrante da disciplina, professor doutor Vinícius Rezende.




Texto eleito: HOBSBAWM,             Eric J. “A queda do liberalismo”. In: Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 113-143.

Introdução


O texto inicia sua apresentação com duas citações que induzem seu leitor a perceber como as ideias de um líder político tomaram dimensões dogmáticas e, por muitas vezes se materializaram em seus alvos de convencimento por haver tomado proporções axiomáticas levando-nos a pensar como o conceito de dominação se aplica aqui e se afirma. Evidentemente, se compreendermos a dominação, do ponto de vista mais conceitual, como a realização das vontades de alguém sobre outrem que não a pessoa proponente desta vontade, então, vemos que na segunda citação do texto de Hobsbawm, as vontades do Fürher foram devidamente materializadas e cumpridas neste relato. Acredito que esta introdução ao texto faça fronteira bastante tênue com a temática do nacionalismo, e que as ideias propagadas dentro dos processos de construção da identidade nacional – como no ufanismo de Afonso Celso, por exemplo – , façam, de fato, alguma conexão com os processos de convencimento usados em conjunto com o conceito de dominação. Contudo, esta discussão mais teórica não é o objetivo deste trabalho e pode bem ser discutido em outro trabalho.
A discussão se inicia com exposição de valores oriundos originalmente das ideias da ilustração (século das luzes) onde a racionalidade era a base para todas as ações. Estes valores eram voltados para a racionalidade que, por sua vez, colocavam o homem no centro das discussões e pretendiam avançar, sendo este avanço entendido como uma digressão da pretensa barbárie obtido por um cumprimento mais detido das leis e normas sociais vigentes visando um melhoramento geral na condição do homem.
Hobsbawm demonstra como estes valores se espraiaram rapidamente fundados em constituições que garantiam amplamente direitos humanos, liberdades e ações mais democráticas no sentido da democracia, sendo eles importados de país para país, pois representavam uma síntese, no campo político, dos ditos avanços nas condições humanas. Não obstante, tais valores não eram uma unanimidade, sobretudo, entre as
forças tradicionalistas como a Igreja Católica Romana, que ergueu barricadas defensivas de dogmas contra as forças superiores da modernidade; por uns poucos rebeldes intelectuais e profetas do apocalipse, sobretudo de ‘boas famílias’ e centros estabelecidos de cultura, de certo modo parte da civilização que contestavam; e pelas forças da democracia, no todo um fenômeno novo e perturbador (HOBSBAWM, 1995, p. 114).
Ou seja, diante da realidade de uma grande maioria de iletrados a falta do acesso à informação mais geral era facilmente explorada por intelectuais e influentes personalidades do cenário político e religioso e, segundo Hobsbawm, a disputa era menos política que econômica, contudo, o parlamentarismo representativo se difundia com maior notoriedade entre os países independentes e se excetuarmos os “fósseis políticos jurássicos isolados” (HOBSBAWM, 1995, p. 114) e outros que dispunham de leves elementos que indicavam alguma imersão nas ideias liberalistas. Contudo, conclui que “um terço da população do mundo vivia sob domínio colonial” (HOBSBAWM, 1995, p. 114).
Nesta altura, o autor apresenta elementos que nos levam a entender que apesar das ideias do liberalismo estarem se difundindo com fluidez, a democracia não acompanhava o passo em concomitância. Dito de outra forma, nem todos os países que dispunham de uma inclinação liberal era também democrático, uma vez que “a lista de Estados consistentemente constitucionais e não autoritários no hemisfério ocidental era curta” (HOBSBAWM, 1995, p. 115), demonstrando uma grande oscilação das tendências políticas entre a esquerda e a direita.
Hobsbawm precisa que pelo fato de boa parte do mundo estar sob regimes coloniais e não liberais e, sobretudo, como em outras partes do globo, o liberalismo entrou em descenso e com maior ênfase após a assunção de Hitler ao poder e como, gradualmente, este descenso só se acentuou até 1944 (HOBSBAWM, 1995, p. 115).
Trata o autor de frisar como a resistência e oposição ao liberalismo emanavam basicamente da direita e como as tensões em torno deste ideário liberal se configuraram entre estes dois polos da política mundial e passará a partir daqui a discutir como o conceito de fascismo é por ele visto. Dentro destas discussões, Hobsbawm inclui os limites e alcances do conceito, assim bem como sua real relevância no tocante a sua aplicabilidade em outras realidades que não a italiana e a teutônica.
Parece-me aí que o autor tenta veementemente separar a ideia conceitual totalitarismo do conceito de fascismo, pois, segundo ele, nem todos os regimes totalitaristas que buscaram derrubar “os regimes liberal-democráticos” (HOBSBAWM, 1995, p. 116) eram necessariamente fascistas. Contudo, apresenta uma leitura propondo que o “fascismo, primeiro em sua forma original italiana, depois na forma alemã do nacional-socialismo, inspirou outras forças antiliberais” (HOBSBAWM, 1995, p. 116), forças estas que corroboram o processo de declínio do liberalismo usando como modelo algumas formas do fascismo.
Estas forças, em todos os lugares onde elas prevaleceram se opunham à revolução social, pois ela representava a transformação indesejada – sobretudo para os direitistas – da “ordem social” e, segundo Hobsbawm, as forças coercitivas, militares e policiais, por exemplo, tinham o melhor momento para a ação – como vimos aqui no Brasil este fenômeno suceder.
Em sequência, o autor apresenta as tendências políticas da direita e fazendo uma taxonomia de como estes regimes autoritários e conservadores, e seus respectivos representantes, mantinham as afinidades com o fürher e ou, também, suas diferenças, – caso de Churchil contrariando a expectativa Tory. No primeiro tipo ele apresenta a falta de ideologia peculiar, mas apenas alguns elementos comuns com o fascismo.
O segundo tipo, chamado pelo autor de “estatismo orgânico”, se diferenciava pela resistência ao liberalismo e sua característica individualista e “a ameaça do trabalhismo e do socialismo” (HOBSBAWM, 1995, p. 117), reforçando as antigas leis mecanicistas de um funcionamento social meramente orgânico e estratificado, onde a ordem de cunho estamental era aceita e difusa. Contudo, ela mais se aproximava dos tipos autoritários e burocráticos que de uma utopia a lá Thomas Morus.
Dentro desta discussão, Hobsbawm afirma que a Igreja não era fascista apesar de ser altamente reacionária, e que por muitas vezes fora ela vista como opositora deste fascismo, ainda que o fascismo tenha se utilizado em grande parte da estrutura tradicionalista da Igreja para fundamentar e cristalizar suas premissas. Obviamente, a Igreja enquanto instituição plural e de amplas proporções contou com outras vertentes que se aliaram ao fascismo – integristas – que dispunham como elemento comum de suas afinidades do ódio pelo iluminismo, contudo, tais junções, não podem ser generalizadas ou projetadas para a Igreja como um todo. Estas rupturas ideológicas dentro da instituição católica gerou disputas, resistências e colaborações que modificaram em muito o perfil desta instituição desde então. Estas mudanças se traduziram em intervenções sociais da Igreja que foram bastante favoráveis à causa trabalhista (HOBSBAWM, 1995, p. 119).
A partir deste momento, o autor apresentará as ligações do fascismo com o nazismo e defenderá a ideia de que, sem o fascismo, o nazismo, em seus moldes conhecidos hoje, seguramente não seria possível, assim como, sem o nazismo, o fascismo não teria tido a projeção que teve em virtude dos impactos causados pelo primeiro. Hobsbawm aponta como houve uma troca intensa de práticas, ideologias e apoio entre estes dois regimes e as especificidades que caracterizaram ambos dentro do percurso histórico, tais como: racismo, antisemitismo, anticomunismo, antiliberalismo, nacionalismo forte etc. (HOBSBAWM, 1995, pp. 120-121)
Hobsbawm propõe que a diferença básica entre a direita que era adepta do fascismo e a não fascista se resumia na forma da mobilização das massas. (HOBSBAWM, 1995, p. 121) Enquanto os fascistas abraçavam a ideia – quase populista, senão o era – de discursos em praças públicas, aproximação do povo através de retórica que descrevia os anseios do povo, focando sua retórica na manutenção das tradições prezadas pelas massas sem recorrer a bastiões das tradições como a Igreja ou a aristocracia, os seus concorrentes não o faziam.
Como uma das bases do nazifascismo jazia no racismo, a eugenia não tardou a surgir como fundamento da superioridade e da base para uma população melhor e mais forte, e em boa parte, a tecnologia disponível naquele momento, fez o resto do fomento.
 Hobsbawm irá apresentar a mobilidade demográfica como um fato extremamente pertinente daquele momento histórico para entender os princípios básicos da xenofobia tão difundida na Alemanha e, sobremodo, nos EUA.
Evidentemente, o próximo passo será, para o autor, apresentar elementos que nos façam compreender as razões históricas dos ressentimentos germânicos em relação aos judeus. A aderência dos judeus aos ideais iluministas e sua onipresença – a questão da notoriedade e visibilidade destes em lugares de destaque no comércio e cargos públicos, na visão dos germânicos, expropriando-lhes de atividades e lugares que deveriam por eles ser ocupados (além de um ideário mítico relacionado a crenças medievais de práticas judaicas) – foram o suficiente para mover uma raça perfeita contra uma raça indesejada historicamente em vários lugares do globo.
Partindo destas bases, os progroms se espraiaram de forma pandêmica pelo mundo pangermânico como reforço do já instalados antisemitismo e racismo, e obviamente, tais mecanismos de exclusão serviam, em contrapartida, como autoafirmação do crescente nacionalismo que andava a passos largos com o apoio dos intelectuais.
Acordando com Hobsbawm, a participação das massas em favor do nazismo foi notória, “se estabeleceram governos fascistas com legitimidade pública, como na Itália e Alemanha” (HOBSBAWM, 1995, p. 125). Obviamente, este apoio em massa da população a um regime fascista como na Alemanha, segundo o autor, está relacionado com o fato da Grande Depressão. Ou seja, diante de um grande caos econômico, quando muitos se desesperaram, a transformação da economia veio por meio de um governo com estas características – a fascista, pois, segundo Hobsbawm
do mesmo modo como dinamismo dos comunistas exerceu uma atração sobre a esquerda desorientada e sem leme após 1933, também os sucessos do fascismo, sobretudo depois da tomada nacional-socialista da Alemanha, deram a impressão de que ele era a onda do futuro. (HOBSBAWM, 1995, p. 127)

Deste ponto em diante, o autor nos apresenta o que parece impossível, sendo para ele bastante nítido que o fascismo é um movimento liderado por direitistas e as tendências de revolução social como um movimento de esquerda, o autor aceita que Lênin tenha inspirado Hitler e Mussolini, contudo, não admite teses que aproximem a inspiração do holocausto  haver partido das mazelas também perpetradas à sociedade pela Revolução Russa. O autor apresentará as questões militares do pós guerra (I Grande Guerra) e da intencionalidade política velada na utilidade de contraposição do fascismo ante os movimentos de revolução social. (HOBSBAWM, 1995, p. 128) Assim, o autor refuta todas as desculpas teóricas e hipotéticas que tentem aproximar ambos os fenômenos sociais dos lados opostos da política.
Hobsbawm se preocupa ainda em demonstrar, para efeito de consolidar a ideia de como o fascismo deu certo, que a anterioridade das bases fascistas na população, mesmo sem o domínio ou o controle, exerceram influência sobre a população como que preparando-a antecipadamente para os modelos que tendiam a serem implantados posteriormente. Aliado a isto, a queda de antigos líderes e poderes abre caminho ao fascismo (HOBSBAWM, 1995, p. 129).
Dessa forma, Hobsbawm propõe que Hitler não tenha tomado o poder, mas apenas tenha chegado até ele por “conveniência” porque todo o cenário era favorável à isto: população descrente, economia fraca, Estado abalado etc. Seguindo esta discussão, ele desconstrói mais duas teses sobre uma pretensa Revolução fascista e um capitalismo monopolista (HOBSBAWM, 1995, pp. 129-130).
Mais adiante o autor irá discutir as especificidades do fascismo italiano e também do alemão, apresentando detalhes dos bons resultados econômicos do fascismo em virtude de sua postura patronal diante do capital eliminando “os sindicatos e outras limitações aos direitos dos empresários de administrar sua força de trabalho” (HOBSBAWM, 1995, p. 132). Conjuntamente, Hobsbawm nos dá algumas informações sobre as condições favoráveis do Estado alemão para prosperar como: seu tamanho, sua localização geográfica, e os potenciais econômico e militar (HOBSBAWM, 1995, p. 133).
Após tais apresentações o autor faz uma analogia entre Rússia e Alemanha que, seguramente, ele achou cabível. Que ambas, em seus propósitos e propostas foram bem sucedidas historicamente. Logo em seguida apresenta o que esboçou no início da discussão. Como o fascismo teve repercussão e teve alguns de seus elementos constitutivos em todo o mundo, salvando-se as devidas proporções e especificidades. Apresenta como alguns elementos estavam presentes no Japão, mas, sem que esse país fosse necessariamente fascista (HOBSBAWM, 1995, pp. 134-135), e fazendo interessantes colocações e provocações sobre as Américas, mas insuficientes para que as tomemos como discussões profundas (HOBSBAWM, 1995, pp. 136-137).
Por fim, Hobsbawm dá ênfase a ideia de separação objetiva entre nacionalismo e fascismo, tratando de expor características de um e de outro, de como no fascismo alemão, por exemplo, o arianismo era algo importante na constituição de uma identidade fascista da política social e de como o nacionalismo, em alguns países, poderia entravar o fascismo.
Após estas discussões, ele fará um resumo de tudo o que fora discutido e reafirmará o papel central que a Grande Depressão teve para o sucesso do fascismo e como a fragilidade do liberalismo também colaborou para este desfecho, apresentando quatro condições que apresentavam estas fragilidades: a questão da legitimidade; compatibilidade da composição étnica popular; da burocratização (parlamentos) que deveria facilitar, mas acabou entravando a máquina estatal democrática; e, finalmente, a questão da riqueza e da prosperidade. O autor acredita que a democracia se demonstrou ineficaz e apenas serviu de aparelho de conciliação de grupos antagônicos, e por assim ser, sua credibilidade e fiabilidade já não eram tão claras na segunda metade do século XX.
No geral, o resumo do texto foi satisfatório, mas alguns parágrafos não foram bem elaborados, conforme destaquei acima.

Proposta metodológica para a aula de Ensino Médio


A proposta para trabalhar os conteúdos traz novas ferramentas para as aulas, fazendo uso de novas linguagens, mas que tanto pode trazer métodos inovadores quanto preservar os métodos tradicionais com o fim de se obter bons resultados com estas ferramentas, desde que criativamente utilizado. Por sinal, para aqueles que acreditam ser uma perda de tempo o uso de jogos eletrônicos, MMORPG (Multiple Massive Online Roling Playing Game ou Massive Multiplayer Online Role-Playing Game: Jogos Online para Múltiplos Jogadores de Representação) e RPG (Role Playing Game: Jogo de Representação de Personagens) para a educação, fora veiculado no sábado do ano de 2013 em 19 de Outubro, uma matéria especial na emissora de televisão Globo entre as 06:00 e 08:00 da manhã dedicando este período para discutir os usos, limites e alcances desta linguagem/produto da indústria cultural como ferramenta de auxílio aos professores em diversas escolas e na educação como um todo. Assim sendo, proponho esta inovação como ferramenta de auxílio para fixação e compreensão de conteúdos no ensino de História.
Diante desta nova possibilidade dentro do ensino, que se apresenta como uma forma de atrair e prender a atenção dos alunos, pois, estes já estão bastante “conectados” e atentos a estas ferramentas, os jogos aparecem como uma forma real de possibilitar a horizontalização das relações entre aluno e professor. Considerando as problemáticas do tempo real, da hiperconectividade e, sobretudo, diante deste contexto de imediatismo, pode-se ainda, enquanto professor, argumentar junto aos alunos que tal escolha visa evitar a previsibilidade da elaboração de nossas aulas, pois, com um elemento livre de representação como o RPG/MMORPG nunca se pode prever o andamento e os rumos da exposição dos fatos nele contidos, ou, quais aspectos dos fatos nos ateremos para problematizar historicamente.
É ainda interessante, obviamente, que os professores possam fazer um resgate dos jogos eletrônicos e transformar a representação dos personagens históricos dos games numa avaliação bastante rica usando jogos que partem objetivamente de acontecimentos históricos tidos como dados em jogos como: Age of Empire I, Age of Empire II, Age of Empire III, Civilizations I, Civilizations II, Civilizations III, Civilizations IV, Civilizations V, ou ainda Age of Mithology I, Age of Mithology II dentre tantos outros possíveis. O melhor disso tudo é o fator imprevisibilidade pois, uma mínima ideia de qual caminho a aula pode tomar diante de um jogo eletrônico de múltipla possibilidade e representação acaba tornando-se impossível, ao menos para os alunos, mantendo a atenção e interesse constantes de todos eles.

O que é um RPG e um MMORPG? Como posso usá-los em minhas aulas?


Como pudemos ver na discussão anterior, os MMORPG são jogos onde os jogadores além de escolherem “livremente” as características mais aprazíveis de seu personagem optara ainda como gostará de representar seu personagem dentro de um jogo proposto. A diferença básica entre o MMORPG e o RPG enquanto jogos eletrônicos é simples: um possibilita a conexão com uma infinidade de outros jogadores previstos ou não e o outro já dispõe de um número previsto de personagens que irão interagir sendo tal previsão imutável. Mas, repito, observe-se que tal limitação se aplica ao jogo de representação de personagens eletrônicos pois, no jogo de tablado ou de mesa, coordenado por um mestre de jogo humano como mediador dos acontecimentos, as possibilidades, obviamente, são muito maiores.
Dentro desta possibilidade gostaria de apresentar um trabalho que venho acompanhando e tenho percebido resultados espetaculares. Existe uma página de um grupo de estudantes de História do IFBA de Catu voltado para a interpretação de aspectos históricos dentro dos jogos eletrônicos coordenado pelo professor Marcelo Souza Oliveira denominada History Games. Nesta página o professor propõe atividades extraclasse, deveres, faz orientações e percebo que os alunos têm interesse muito maior nas aulas do que vemos entre os colegas acadêmicos… O melhor nisto tudo é a relação que eles estabeleceram com seu professor. Chama-no/tratam-no de “painho”, “fessor”, “mestre” (fazendo alusão ao mestre de jogos do RPG convencional de mesa). O mais interessante é que a coisa tem dado tão certo que acadêmicos como eu, Sandro Augusto Cerqueira Junior e o Professor Doutor Leandro Almeida somos parte atuante e executiva neste grupo onde os debates são ansiados, esperados e realmente requeridos por parte dos alunos. É pensando nesta experiência que eu penso em desenvolver minha aula de contemporânea com tal ferramenta/linguagem para discutir os tópicos da História Contemporânea.

O Plano de aula com metodologia


Objetivos gerais:
Desenvolver nos alunos uma visão crítica sobre as limitações do liberalismo e suas potencialidades e também, sobre as diversas influências do nazifascismo entre os europeus e no mundo, dando ênfase aos continentes americano e africano (Lei 10.639) por serem aqueles que sofreram algumas influências destas correntes ideológicas e políticas. Mas, fazendo alusão à ideia da pureza e singularidade destes fenômenos sócio-políticos em seus lugares de origem: Alemanha e Itália – caso do nazifascismo e suas resistências às ideias liberais.
Justificativa:
Os conteúdos são importantes para se compreender o atual contexto histórico, porque as leis de mercado hoje seguem a uma normatização vista como neoliberal. Ou seja, para compreender o neoliberalismo, é preciso compreender o liberalismo e sua gênese, o países que resistiram a sua implementação e quais as suas razões.   
·         Conteúdos:
O fascismo de Mussolini e de Hitler.
  1. Aproximações e digressões.
  2. Como o nazismo surgiu do fascismo?
  3. Por que o fascismo não seria tão visto sem o Nazismo?
  4. Comerciantes judeus e sua contribuição para na radicalização do racismo e nacionalismo nazista
·         Número de aulas: 08
·         Metodologia:
Para tanto, pretendemos lançar mão do jogo eletrônico de autoria do programador e designer canadense Sid Meier – Civilizations I – que, entre alguns círculos de historiadores é considerado como um par. O jogo apresenta todas as condições para se discutir o materialismo histórico marxista, iniciando o jogo com uma comunidade devidamente sedentarizada, em geral localizada próxima a recursos naturais que serão as bases da sustentação (ou não) da sociedade em questão utilizada pelo aluno jogador. Partindo destes recursos, a sociedade se desenvolve à medida que suas técnicas e tecnologias de extração e processamento destes recursos se desenvolvem forçando assim ao aluno jogador se indagar como em diferentes fases da humanidade os mesmos recursos foram diferentemente trabalhados e utilizados efetivamente. Obviamente, o jogo, com a participação de mais jogadores humanos ou não, chega a um ponto de expansão das sociedades envolvidas forçando-as a entrarem em acordos ou desacordos políticos e convencer a sua sociedade de que as escolhas feitas pelos seus líderes são as mais interessantes e proveitosas possíveis sendo que isto engendrará a felicidade ou a infelicidade da sociedade gerindo e esta é fundamental para o bom andamento do todo social. É justamente neste ponto que podemos trabalhar as relações econômicas do liberalismo, suas premissas e teorias, assim bem como a influência do nazifascismo e sua inter-relação com a queda do liberalismo e destas bases apresentar o desenvolvimento humano no campo político, econômico, cultural e social auxiliado por uma linguagem figurativa como um jogo eletrônico.
·         Problematização:
Como os sistemas políticos das sociedades envolvidas na corrida de dominação, que é no que o jogo se funda para dispor de um nível de competitividade interessante para os jogadores, as analogias entre as diferentes sociedades podem ser feitas, como são diferentes antes de serem dominadas politicamente, culturalmente, ou militarmente por outra nação. Partindo destas observações primárias podemos forçar uma abstração dos processos de influências que Hitler e Mussolini imprimiram em suas sociedades e em outras, assim bem como demonstrar como as ideias do liberalismo foram, em certa medida percebidas em outros lugares que não no seu próprio lugar de origem.
·         Recursos utilizados:
O quadro de lousa, filmes e textos pré-estabelecidos, assim como os trazidos pelos alunos (caso haja pesquisa), computador e projetor.
·         Atividades/avaliações:
Transposição didática dos RPG em peças teatrais retratando personagens históricos com polarização dos desfechos (o que fez o personagem histórico e o que faria o ator representante do papel, no caso um aluno). As avaliações serão processuais e continuadas observando-se a aderência e capacidade interpretativa do(s) aluno(s) sobre os elementos históricos nos jogos propostos e suas analogias com a história formal além das apropriações e projeções que os desenvolvedores fazem no jogo.

Bibliografia



HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: O breve século XX: 1914-1991 – São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário contribuição, sugestão crítica e dúvidas. Agradecemos antecipadamente pela participação e auxílio na construção do saber que é de todos!