quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Modelo de Fichamento de História Medieval

UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
CAHL – Centro de Artes, Humanidades e Letras
Disciplina: Laboratório de História Antiga e Medieval
Discentes: Wilson Oliveira Badaró

DUBY, Georges. As três ordens ou o imaginário do feudalismo. 1ª ed. Editorial Estampa, Lisboa, 1982.

Fichamento: texto Ordem(ns)


Pagina
Fichamento textual por páginas e tópicos.
305
  • Ordens – conceito inicialmente atribuído à organização galática e sua harmonia intrínseca e a posteriori, “à congregação dos homens”. (Século XII, Escola de Abelardo, ordo rerum.)
  • Fundamentação da máxima supramencionada esta intercalada aos ensinamentos estóicos e platônicos da “voz passiva”, em plano metafísico, sugerindo a aceitação desta ordem a priori sugerida pelo divino.
  • A contribuição dos escritos de São Paulo descentraliza a forma organicista do cristianismo, trazendo um objeto que por mais que seja tido como simples é enaltecido e valorizado.
  • Diferenças amenizadas pela visão escatológica e reforçadas pela equidade de todos em um só deus.
  • Pregação da imobilidade social e contentamento de todos pela certeza escatológica da futura mudança em um outro plano – a vida após a morte.

306
  • Diante da idéia de incerteza do “fim dos tempos” inicia-se um processo de fraternidade orientada, gerando a separação entre clero (Administradores da herança do senhor) e plebe.
  • O monasticismo, maquia a divisão entre clérigos e leigos com o esquema tripartite dos “graus de perfeição” formado por: Clérigos, castos e leigos.
  • A ordem eclesiástica é provida de privilégios como a isenção militar, isenção de taxas públicas.
  • Gelásio I inicia uma nova hierarquia que rende a uma nova estrutura; uterque potestas à Soberanos e uterque ordo à Clérigos; “Os padres de Cristo devem ser considerados como pais e mestres dos reis, dos príncipes e de todos os fiéis. (Gregório VII)  
307
  • A união de clérigos e soberanos trata de agregar os fiéis no interior da superestrutura chamada de a casa de deus – o império – com o restabelecimento da máxima do corpo de cristo que defende a “harmonia na diferença”.
  • Melhoramentos da estrutura orgânica da igreja no século IX com a contribuições neoplatônicas fundadas na análise do universo e sua ordem celestial envolvendo os seres celestiais e concluindo com os humanos. Tal análise implica num processo de busca incessante pela perfeição que segue o fator criação – de cima para baixo –  a partir dos seres celeste aos homens e o fator ascensão – de baixo para cima - dos homens aos seres celestes, tudo envolve o retorno ao Um. (movimento de procissão)
308-309
  • Como funcionou a tripartição funcional (função mágico-religiosa, guerreira e fecundidade e produção ) de Dumézil? Partindo do princípio da elaboração política carolíngia mesclada e inspirado no império romano, em processo de franca cristianização, ele inverte sapientemente os valores semânticos das três partes da sociedade romana, dando o “tributo” – que deveria ser pago pelos tribunos – aos tribunos e inclui a igreja com a ordem a seguir: Sacerdotes, homens armados, e os produtores, todos em busca da redenção.
  • Em 860 as três ordens já estavam internalizadas na política religiosa, contudo, só veio a ser de fato amplamente conhecida no século XII.
  • Existiram ainda muitas variações da versão inicial como as quatro versões das três ordens, sendo elas: Monástica, episcopal, monárquica e gregoriana.
  • Em ordem funciona assim: Monástica: põe os bispos em terceiro lugar, e os monges assumem a função da oração em lugar dos clérigos. Episcopal: resposta a primeira mantém os bispos regidos pelos clérigos e os prelados inflem mais sobre os soberanos. Monárquico: o rei acumula as três funções. Gregoriano: O soberano abdica de seu poder laico ao passo que as ordens clericais se reduzissem a apenas uma regida pelo papa e o rei representaria apenas o poder laico.
  • Guilherme de Ockham – nega o realismo e adota o nominalismo que questiona a construção das “substâncias primeiras” e “substâncias segundas” como conceitos de oficialização da ordem afirmando que o ser era tudo de mais real.
  • Percebe-se aqui (Séculos XI ao XII) que as alterações se reduziram às meras inversões das posições dos principais protagonistas da sociedade enquanto a plebe se mantinha inerte.
  • Uma outra definição de ordem é proposta por Lombardo como “um sinal, quer dizer, algo de sagrado [sacrum quiddam], através do qual a função e o poder espiritual são transmitidos aquele que é ordenado. (...) chama-se ordem ou grau a característica espiritual na qual se realiza a promoção do poder.” Por assim apresentar, conclui-se que há apenas uma ordem – a dos clérigos que detém todo o poder.        
310-311
  • Introduz-se na problemática a relatividade da termo ordo com a intenção de “ato litúrgico” que embora tardio gera a difusão das “ordens romanas” onde os postos da Eclésia se destacam de acordo com o purismo monástico e celibato para os graus mais elevados como o dos bispo, padres e diáconos.
  • No século X acresce-se e se fundem textos religiosos acerca da ordem que levam a um único livro denominado “o pontifical” que se encarrega de relatar os atos litúrgicos dos bispos, regular as funções presbiteriais e controlar o clero.
  • Criação da moral estatutária que prima a santificação através da realização dos deveres sociais e divisão do trabalho comuns e necessários ao equilíbrio da sociedade vigente.
  • Gregório VII sugere por meio de uma missiva, uma outra brilhante definição de ordem que realça o respeito mútuo entre inferiores e superiores e que na diversidade e união seja encontrada a harmonia necessária para o estabelecimento da ordem.
  • Uma ótima observação do comportamento das milícias celestes aplicadas a sociedade dos homens que seguindo sua hierarquização expõe a impossibilidade da vida e governo em igualdade pois a hierarquia dos próprios seres celestiais não o são. Tal afirmativa é usada como ardil cabal para a subordinação e estratificação social justificável. Cada um ocupa o lugar que merece e deve dentro da ordem.
  • Simonia e nicolaísmo: visam estas tendências, regular as ações e comportamentos clericais como a luxúria, avareza e todas as representações humanas do desejo nato e inconsciente, condenando ainda a prática de casamento e concubinato por parte dos clérigos e regulando a prática sexual leiga intramatrimonial e proibições de relações entre parentes até sete graus.
  • Regulamentações acima citadas visão impedir distúrbios entre o material e o espiritual sendo que deste ponto de vista os clérigos estarão sempre um passo a frente dos leigos que, por sua vez estarão em posição de subordinados, pois, apenas o clero conta com o sagrado ou seja sua manutenção e mistérios mesmo que indiretamente.  
312
  • Dependência dos leigos para a salvação transformadora ministrada única e exclusivamente pelos clérigos.
  • Divisão entre mistério e sacramento (séculos XII e XIII).
  • Bipartição gregoriana “marginalizante” – o autor relata que é justo neste período que surgem os segmentos excluídos do sistema eclesial como os judeus, leprosos etc.
  • Exposição do papa como a igreja per se e a igreja como insubordinada pois, não precisava se reportar a ninguém e o “vigário de Pedro”, assim proclamado entre os séculos XII e XIII ,era inalcançável em seu posto primaz na hierarquia da sociedade então constituída representando o poder máximo.
313
  • Retrata as definições entre o direito canônico e as referências da escritura a partir do Século XII; mais especificamente entre as normas mutáveis (humanas) e imutáveis (divinas) – diferenciação do direito causal acordando com a proximidade com o divino.
  • O papa é subordinado as leis divinas mas, superior as leis humanas.
  • Centralização da administração e hierarquia eclesial.
  • A função das três ordens traspassa a simples hierarquização funcional, mas, sobretudo, valoriza-a e reconhece todas as atividades – tendo tal inovação apoiado no monasticismo que condenava o ócio – fazendo o trabalho se tornar um valor e não tão somente uma função.
  • O progresso da Europa ocidental supõe mobilidade moral e espiritual.
  • A ordem dos guerreiros como a única que apresenta um movimento gradual de enclausuramento quase estamental em si.
  • Esta mobilidade (moral) serve de marco delineador das funções e ordens estabelecidas e suas principais características. Ex: Nobres X servos.
  • A diversidade da terceira ordem (resto). Ponto de surgimento frutífero de grupos e subgrupos diversos. ( Confrarias, guildas, corporações etc.) que desnorteiam as originais ordens vislumbradas pelo clericato.
314
  • Apresenta as indagações de Jonas de Orleans acerca da diferença e suas implicações cristãs.
  • “A realidade das condições sociais e o ideal de comunhão na graça.” Problema escatológico gera a necessidade de uma analise mais profunda dos problemas sociais de fato vigentes tais quais conversão e redistribuição.
  • A liberdade é exposta pelo autor como objeto pouco percebido pelos historiadores e seus efeitos, tais quais, “o destino dos escravos e servos no direito divino”.
  • Conversão: acompanhar as tendências funcionais de oração de uma família, e obter o acesso à ordem tornando-se assim, parte do Deus uno e sem separações, estando a possível mobilidade social como uma realização dentro e fora do mundo espiritual.
315
  • O autor aponta para as premissas da liberdade da ordem da oração e os efeitos sociológicos desta liberdade, que são pouco conhecidos pelos historiadores coetânios deste fenômeno. Tais fenômenos contam com a possibilidade da mobilidade social escrava ou servil através da manumissão do escravo fadado a eterna imobilidade social (em tese). Pois tais categorias da sociedade – escravo e servo – precisavam ser libertos primeiro para depois desempenhar a função religiosa.
  • O sustentáculo desta visão supramencionada é pautado na idéia fixa da equidade no mundo metafísico que gera a ordem – uma das principais características da reforma gregoriana.
  • Máxima dependência – todas as comunidades clericais sob orientação do papa. 
  • Relevância da cumplicidade entre fiel e Deus para a saída do “mundo” e recebimento da “herança”.
  • A importância das estruturas de parentesco que culmina com uma solidariedade e fraternidade baseada numa força sobrenatural (Além) que remete todos os integrantes da ordem a um sentimento comum de pertencimento e de igualdade.
  • A morte como precursora da mobilidade de pessoas e bens no âmago da sociedade medieval.
316
  • Compra da eternidade.
  • Comutações: Desobrigação de reiterar algum equívoco (pecado) cometido.
  • Surgimento de um grupo de especialistas: Padres, Monges-padres que regem as missas privadas e especiais.
  • Penitências e sufrágios aos mortos – fontes de redistribuição – os fieis em busca da salvação (livro da vida) deixam seus bens serem administrados pelos clérigos, que por sua vez, vão favorecer os pobres através do processo de redistribuição (caridade).
  • A oblação de servos e escravos ao clero; livre acesso à liberdade.
  • Programa gregoriano renova e originaliza a inclusão: Várias são as ordens em aparição no tocante a contemplação do mundo, contudo, destacam-se três ordens: Monasticismo tradicional, eremitismo e as ordens de pregadores.
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  • Os membros do monasticismo são seres tidos como perfeitos e puros, responsáveis por suportar os homens do mundo.
  • Os eremíticos renunciam a existência do mundo, porém, por vezes são requisitados em cargos dentro do clero e são escolhidos de acordo com o seu grau de pureza.
  • As Ordens Mendicantes são as ordens “ambulantes” estão dentro do mundo em plena atividade nele para converter as turbulências urbanas em ordem através das conversões de seus membros (primeira e segunda ordem e leigos – ordem terceira).
  • O ser alheio ao mundo e o mundo per se, como uma bifurcação esperada e natural sendo que gradualmente “o valor supremo” (a moral e a ética) do divino pressupõe uma dominação do ser mundano aético levando-o consequentemente a sua própria divinização.
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  • Aqui o autor propõe três formas fenomênicas da inclusão do ser nos mistérios da fé:
  • 1 – Modelo teórico-prático: Teórico por causa das três ordens funcionais elaboradas; e prático porque foi através do acumulo de experiências ao longo dos séculos que o modelo pretendido conseguiu se estabilizar e demonstrar eficácia. Constante aprimoramento do uso do conhecimento pragmático tais como a confissão privada (divino sobre o mundano).
  • 2 – Modelo da Mobilidade social feudal em virtude da hipótese escatológica que visa apenas converter (pessoas), comutar e redistribuir (bens e posses materiais). O acesso à ordem incute a possibilidade de ascensão social e divinização simbólica do papa que torna deus mais próximo do mundo.
  • 3 – Modelo da Ordem turbulenta, mas socialmente fecunda: Sair da vida mundana é antecipar a salvação, desenvolver o parentesco espiritual. Através da mais refinada estratificação social perpetrada pela igreja e sua ordenação (Monges, padres, bispos, nobres, plebeus etc.) torna-se notório o estilo de vida social que leva a uma mentalidade mais inovadora e passível de transformar-se mais dinamicamente.

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